7 de agosto de 2008

Das denominações e de dois prédios

A Praça Archimedes Lammoglia é o logradouro público que mais vezes teve seu nome alterado na história de Salto. Muitas vezes segmentada em duas partes, já se chamou, oficialmente, Praça da Bandeira, Paula Souza, do Anhembi, 31 de Março e Getúlio Vargas – sendo estas duas últimas unificadas sob o nome 16 de Junho, em referência à fundação da cidade. Desde 27 de setembro de 1996 é denominada Praça Dr. José Francisco Archimedes Lammoglia. Tratemos da nomenclatura atual e de dois prédios que existiram nas imediações da concha acústica.

Denominação
José Francisco Archimedes Lammoglia, que dá nome à praça acima referida, nasceu nesta cidade, em 1920. Em 1942, ingressou na Escola Paulista de Medicina, diplomando-se em 1947. Proctologista, residiu durante muitos anos no Hospital Matarazzo, onde ingressou em 1938, como faxineiro, e chegou à chefia do departamento de sua especialidade anos mais tarde. Trabalhou ainda, desde sua formatura, na Santa Casa de Itu – onde atendia gratuitamente aos finais de semana. Em 1954, o Dr. Lammoglia ingressou na política, sendo eleito vereador da cidade de São Paulo no ano seguinte. Em 1958, foi eleito deputado estadual, reelegendo-se várias vezes, num total de sete pleitos consecutivos. Cursou também a Escola de Direito de Niterói, diplomando-se em 1960. Em 1964, foi Secretário Estadual da Saúde. Por sua atuação política ao longo de quatro décadas, foi reconhecido publicamente por conseguir diversos melhoramentos para sua cidade natal, da qual era notável defensor, bem como pra outras cidades da região.


Dr. Archimedes Lammoglia, falecido em 1996.

A casa de José Bonifácio, o Moço
José Bonifácio de Andrada e Silva (1827-1886), conhecido por José Bonifácio “o Moço”, foi um poeta, jurista, professor e político brasileiro. Tinha o mesmo nome de seu tio-avô, o Patriarca da Independência. Numa das vezes em que D. Pedro II visitou Salto, em 1875, foi a casa que Bonifácio mantinha, próxima à cabeceira da ponte Salto-Itu, na margem direita do rio Tietê, que hospedou o Imperador. Na condição de anfitrião, Bonifácio declamou a poesia "Sonhando", escrita especialmente para aquele momento. Mais tarde, a referida casa – que ali existiu até pelo menos fins do século XIX – foi ocupada pela família do engenheiro responsável pela construção da Fábrica de Papel, inaugurada em 1889.


A casa de Bonifácio em fins do séc. XIX

Escola Paroquial
Nesta praça existiu, até 1958, uma ampla casa construída no final do século XIX, pertencente a D. Aurelina Teixeira Campos. Situada no então Largo Paula Souza nº 12, tendo de um dos lados o Jardim Público e, de outro, um terreno municipal que margeava o rio Tietê, tal casa abrigou, a partir de 1936, uma instituição particular de ensino: o Externato Sagrada Família, que iniciou suas atividades sob a designação Escola Paroquial, dada sua ligação com a Igreja Matriz. Fundada por quatro religiosas da Congregação das Filhas de São José, vindas da Itália, a instituição contou desde o início com o apoio da indústria têxtil Brasital, sendo o prédio doado por D. Aurelina.
Existente até os dias de hoje, o “Coleginho” – como é carinhosamente conhecida a instituição – transferiu-se, em 1958, para um novo prédio, situado à Avenida D. Pedro II, numa permuta de terrenos com a prefeitura. Pelos bancos do Externato Sagrada Família passaram inúmeros saltenses, sendo o trabalho das irmãs que passaram pela instituição sinônimo de excelência e tradição na cidade.


Ao fundo, à esquerda, o Externato. Em primeiro plano, a praça que abriga o Monumento à Bíblia.

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Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966