10 de novembro de 2007

O acaso

Dias atrás, veio-me como retorno de uma carta-resposta, que preenchi descrente, na qual eu, enquanto professor, teria direito a escolher um livro do catálogo que vinha junto com a mesma carta. Escolhi A imigração italiana no Brasil, de João Fábio Bertonha [Ed. Saraiva, 2004], livro simples, para o público escolar. Era o que, numa rápida passada de olhos, me parecia útil num futuro próximo. Ao abrir o livro, eis que em uma de suas páginas centrais deparo-me com uma foto muito familiar. Aliás, é a mesma que uso no plano de fundo de meu desktop, por invocar uma série de reflexões. Vejo os créditos da foto no livro: Memorial do Imigrante. Não era, portanto, a mesma fonte que a minha, digitalizada a partir de original do acervo Museu da Cidade de Salto, sendo doação de uma década atrás. Constatei então que, positivamente, havia cópia da mesma imagem de Salto em outro acervo.

Sabemos da forte presença da colônia italiana em nossa cidade no início do século passado. O fato do Memorial do Imigrante possuir a mesma imagem nos leva a algumas considerações. Por enquanto, escrevo sobre isso apenas para partilhar o meu espanto com a coincidência de pedir justo aquele livro, abrir como primeira página aquela e utilizar, neste momento, a mesma foto como plano de fundo. O tradicional seria tratar do tema que a foto ilustra, simplesmente exibindo-a como janela para o passado, de forma até simplória. É o que mais se vê por aí. Contudo, arrisquemos a pensar a história da foto, e não apenas na história do que a foto retrata. Quem fotografou esta cena, por que escolheu este ângulo e para quem executou tal tarefa, já que há igual fotografia no referido Memorial, antes Hospedaria dos Imigrantes?



Operários da Brasital com o prédio da fiação ao fundo, c.1920
Acervo do Museu da Cidade de Salto

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Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966