21 de janeiro de 2010

Antonio Vieira Tavares

O capitão Antonio Vieira Tavares, fundador de Salto, era o sexto filho do casal Diogo da Costa Tavares e Maria Bicudo. Nascido em Cotia/SP, era sobrinho do famoso bandeirante Antonio Raposo Tavares. Por volta de 1690 residia no então sítio Cachoeira, obtido por cartas-escrituras de sesmarias, cujas terras correspondiam ao que hoje é uma parte da cidade de Salto. As descrições presentes nos documentos de mais de trezentos anos situam a propriedade de Tavares nas terras da margem direita do rio Tietê compreendidas entre seus afluentes Jundiaí e Buru, avançando meia légua a montante a partir da foz de cada um desses rios.

Em 1695 Tavares dirigiu um ofício ao padre Manoel da Costa Cordeiro - que como visitador geral, representando o Bispo do Rio de Janeiro, se encontrava em Itu - no qual pediu licença para construir uma capela em louvor a Nossa Senhora do Monte Serrat. Em 21 de outubro do mencionado ano, Tavares recebeu a resposta afirmativa das autoridades eclesiásticas, dando início à construção do templo, cuja bênção foi dada pelo padre Felipe de Campos, de Itu, em 16 de junho de 1698 - data esta considerada como a de fundação de Salto.


Detalhe do Monumento à Fundação, tendo Tavares ao centro, na praça que leva o seu nome.
Trabalho de Murilo Sá Toledo, 2007.


Quanto chegou ao sítio Cachoeira, Tavares era casado com Maria Leite, sua primeira esposa, filha de Paschoal Leite Furtado e Mécia da Cunha. Com ela, falecida em 3 de maio de 1704, não teve filhos. Cerca de um ano depois do falecimento da primeira esposa, o fundador de Salto casou-se com Josefa de Almeida, filha de Manoel Antunes de Carvalho e Ana de Almeida, do Rio de Janeiro. Desse casamento, nasceram: Antonio, que ficaria conhecido por frei Antonio do Monte Carmelo; Braz de Carvalho Paes; Manoel, que se tornou irmão leigo da Ordem do Carmo; Francisco, que foi mestre em Filosofia; e Maria, que se casou com um sargento de milícias de Itu.

Antonio Vieira Tavares faleceu em 4 de dezembro de 1712, sendo sepultado na capela mor da Igreja dos Franciscanos, em Itu. Em seu testamento, nomeou seu filho Braz Carvalho Paes como administrador da capela que ele havia construído em suas terras, assim como declarou deixar todos os seus bens, inclusive o próprio sítio Cachoeira, à referida capela. Seus restos mortais foram transferidos para Salto em 21 de junho de 1981 e desde então se encontram no interior da capela existente no Monumento à Padroeira, inaugurado no ano anterior.

A praça localizada em frente da atual Igreja Matriz de Nossa Senhora do Monte Serrat, construída no mesmo terreno da capela original, leva o nome do fundador de Salto desde 1934. O trabalho de resgate da memória de Antonio Vieira Tavares coube ao historiador saltense Luiz Castellari, que empreendeu competente pesquisa à época. Antes disso, pouco se sabia sobre o proprietário pioneiro das terras à direita do salto no rio Tietê.

Sobre o pai do fundador de Salto, um português, sabe-se que foi casado duas vezes, sendo a segunda com Catarina de Lemos, e que morou muito tempo em Cotia, onde faleceu em 1659. Participou, junto com o lendário irmão Antonio Raposo Tavares, de expedições visando expulsar os holandeses de Pernambuco e da Bahia, entre 1639 e 1642. É de se imaginar, portanto, que tenha se dedicado ao aprisionamento de índios para o trabalho escravo nos engenhos, como o irmão. Já Fernão Vieira Tavares, avô paterno do fundador de Salto, era português e chegou ao Brasil em 1618, tornando-se capitão-mor da capitania de São Vicente em 1622.

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Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966