24 de outubro de 2008

Povoações pioneiras às margens do rio

Ao se seguir pelas águas do rio Tietê – num atlas histórico que tratasse em alguma de suas páginas do início da colonização do território paulista – de sua nascente até as imediações do que, até meados do século XIX denominava-se “sertão bravio”, encontraríamos as seguintes vilas e cidades listadas abaixo. As notas que se seguem contam um pouco da história e de como esses locais estiveram vinculados ao rio especialmente em suas origens:

Mogi das Cruzes
Denominada M’Bogy pelos índios, que significa “rio das cobras”, era como os primitivos habitantes das imediações se referiam ao Tietê. Há menção a um português de nome Brás Cubas que, por volta de 1560, obteve uma sesmaria que vinha até as terras da atual Mogi, aí estabelecendo uma fazenda. É de 1601 o primeiro caminho que ligava a localidade a São Paulo. Mogi foi elevada a vila em 1611, por iniciativa de Gaspar Vaz.

São Paulo
A fundação de São Paulo insere-se no processo de ocupação e exploração das terras americanas pelos portugueses, a partir do século XVI. A região de ocupação inicial pelos padres jesuítas, em 1554, localizava-se entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí, este sendo afluente do rio Tietê. Até o século XVIII, São Paulo era um dos centros de onde partiam as bandeiras para os sertões.

Barueri
A origem da cidade foi um aldeamento fundado em 1560 pelo padre José de Anchieta, na margem direita do rio Tietê, pouco acima da confluência com o rio Barueri Mirim. Instalou-se aí a capela de N. S. da Escada. Por muitos anos, a aldeia resistiu aos freqüentes ataques de bandeirantes que desciam o rio Tietê em direção ao interior, aprisionando índios para mão-de-obra escrava.

Santana de Parnaíba
Nascida às margens do rio Tietê, há registros de que o primeiro a se instalar na região foi o português Manuel Fernandes Ramos, participante de uma expedição realizada em 1561 para explorar o sertão, rio Tietê abaixo, em busca de ouro. A capela de Sant’Anna, erguida por seus herdeiros e sua mulher Suzana Dias, data de 1580. Foi importante centro bandeirista.

Pirapora do Bom Jesus
Conta a tradição popular que, por volta de 1725, uma imagem do Bom Jesus foi encontrada por um sitiante encostada numa pedra dentro do rio Tietê. Tida por milagreira, a imagem ganhou uma capela, cuja bênção data de 1730. Pirapora, na língua indígena, significa “sinal de peixe”.

Cabreúva
No início do século XVIII, um senhor de engenho ituano, à procura de local adequado para se instalar, subiu a margem direita do rio Tietê. Após explorar a região, escolheu um vale encravado entre três grandes serras que, mais tarde, seriam denominadas Japi, Guaxatuba e Taguá. Tal senhor fixou-se no local em que hoje está a cidade de Cabreúva, dedicando-se ao cultivo da cana-de-açúcar voltado para a produção de aguardente.

Itu
A construção de uma capela a N. S. da Candelária, em 1610, é o marco da fundação da cidade. Muitas das expedições que saíam do porto de Araritaguaba (Porto Feliz), às margens do rio Tietê, com destino às minas de ouro de Cuiabá, eram organizadas em Itu. Nas terras ituanas, consideradas de boa qualidade para o cultivo da cana-de-açúcar, surgiram grandes fazendas exploradas com mão-de-obra escrava. O cultivo da cana serviu de base para desenvolvimento da produção de café, em meados do século XIX. Por ter abrigado a Convenção de Itu, em 1873, ostenta o título de “berço da república”.

Salto
Em 1698, em terras de seu sítio Cachoeira, na margem direita do rio Tietê, Antônio Vieira Tavares instalou uma capela dedicada a N. S. do Monte Serrat. Para os séculos seguintes, cogita-se que algumas expedições pelo rio Tietê tenham partido do porto Góes, logo abaixo da cachoeira, como alternativa ao porto de Araritaguaba. A localidade permaneceria praticamente inerte até 1875, data da instalação da primeira tecelagem nas proximidades da cachoeira que dá nome à cidade, em virtude do potencial energético. Uma segunda tecelagem se instalou em 1882, alicerçando o perfil industrial que a cidade assumiria ao longo do século XX.

Porto Feliz
Situada na margem esquerda do rio Tietê, no local em que os indígenas chamavam de Araritaguaba, o mais remoto registro da localidade data de 1693. O porto natural de Araritaguaba, contudo, tornou-se importante durante o século XVIII, época em que as monções tinham ali seu principal local de partida rumo a Cuiabá. Foi, mais tarde, centro açucareiro.

Tietê
Durante as monções do século XVIII, Pirapora do Curuçá, antiga denominação de Tietê, era um importante porto de reabastecimento e descanso das embarcações que saíam de Araritaguaba. Uma das principais atrações de Tietê é a Festa do Divino, que ocorre desde 1830. O ponto culminante desse evento, que acontece tradicionalmente no último sábado do ano, é o encontro das canoas, que de dá no leito do rio Tietê.


Mapa do Estado de São Paulo com as localidades abordadas em destaque.

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Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966