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Retirada de um batelão das águas do rio Tietê.
Ilustração de Wasth Rodrigues presente no livro História do rio Tietê, de Mello Nóbrega.
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Em Salto, a partir da cachoeira, o rio Tietê corre por entre muitas pedras até as imediações da Ilha Grande, onde se apresenta calmo. Nesse remanso, ao sopé da colina na qual está a rocha Moutonnée, estaria o porto Góes (ou porto do Góes). Existem indícios de que tal porto foi ponto de partida alternativo de algumas expedições rumo a Cuiabá – as monções. Alternativo pois tinham como local de partida preferencial o porto de Araritaguaba, a Porto Feliz dos dias de hoje. O mesmo raciocínio se aplica quando do retorno de Cuiabá, tendo-se o porto Góes como local de desembarque. Percorrer a distância entre porto Góes e Araritaguaba por água – em que pese a existência de pequenos trechos encachoeirados – teria suas vantagens, em especial o menor tempo gasto para se chegar a vilas como Itu, Parnaíba ou São Paulo.
As monções eram expedições de transporte de pessoas e mercadorias diversas – tais como mantimentos, ferramentas, tecidos, armas e munição – além do ouro extraído das minas descobertas nas primeiras décadas do século XVIII. E era esse ouro o carregamento principal das viagens de retorno. Em algumas ocasiões, tocaias foram armadas com o intuito de subtrair o ouro carregado por monçoeiros. E foi em torno de uma situação dessas que se constituiu a lenda do tesouro do Salto de Ytu.
Tendo a informação de que um grupo de batelões subia o rio Tietê com o intuito de alcançar o último remanso antes da cachoeira, um numeroso grupo de homens se pôs a esperar por eles na região em que o ribeirão Guaraú, afluente da margem esquerda, deságua no rio Tietê. Apesar do ataque surpresa, o enfrentamento teria durado dias – tempo suficiente para que o carregamento de ouro fosse enterrado entre uma pedreira e outra, dentre as tantas existentes naquele terreno. Contudo, passados alguns dias, os expedicionários recém-chegados foram derrotados, sendo dizimados por completo, acredita-se.
A lenda do tesouro do Salto constituiu-se a partir desses elementos, embora não se saiba se o grupo vencedor localizou ou não o ouro enterrado; ou mesmo se alguns expedicionários do grupo derrotado teriam escapado e retornado tempos depois para recolher o produto da viagem a Cuiabá, estrategicamente escondido. O que persiste é que o tesouro, uma vez enterrado, ainda possa estar em algum local nas imediações do porto Góes...
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Quadrinhos elaborados em 2008 para um equipamento disponível no Memorial do Rio Tietê, em Salto. |
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