7 de outubro de 2009

Centenário de Lubra e Pretti

Neste ano de 2009 deu-se o centenário de nascimento de dois pintores saltenses que obtiveram certo destaque para além das fronteiras locais. Trata-se de José “Lubra” Roncoleta (1909-1973) e Flávio Pretti (1909-1996). Ambos, apesar de terem saído de Salto precocemente, tematizaram nossa cidade em várias de suas produções. Os dois, por exemplo, pintaram a cachoeira no rio Tietê - obras que estão em posse do Museu da Cidade de Salto. Lubra ainda deixou-nos uma belíssima pintura do Dr. Barros Júnior, o famoso “Pai dos Saltenses”. Dentre os trabalhos de Pretti encontramos, inclusive, esboços de tipos populares de Salto das primeiras décadas do século passado.

Lubra era o pseudônimo artístico adotado por José Roncoleta, formado a partir das primeiras sílabas dos nomes de seus pais, Luiz e Brasília Roncoleta, um dos casais responsáveis pela fama adquirida por Salto no começo do século XX no tange ao tratamento da dor ciática e doenças reumáticas. Nascido em 1909, Lubra fez parte das primeiras classes formadas no então Grupo Escolar de Salto, atual E. E. Tancredo do Amaral. Foi aluno do professor José de Paula Santos desde 1916, com notável rendimento. Teve aulas de violino com o maestro Zequinha Marques. Contudo, optou por aperfeiçoar-se em pintura com o professor Demétrio Blackman, residente em Itu, onde lecionou no colégio Cesário Mota, por um ano. Na capital do estado montou uma escola de desenho e pintura, tendo 17 anos na ocasião. Ao se casar com Lídia Novelli, mudou-se para Santos, onde também montou uma escola de artes. Com os apoios oferecidos pelo jornal santista A Tribuna, realizou diversas exposições nessa cidade do litoral. Entusiasta da Associação Santista de Belas Artes, da qual era sócio-fundador, esteve à frente da presidência dessa por muitos anos. Em 1969, ao adoecer, retornou a São Paulo, abrindo um atelier. Voltou para Salto, sua terra natal, pouco tempo depois, vindo a falecer em janeiro de 1973 num hospital da capital.


“Dr. Barros Jr.”, de Lubra.

O saltense Flávio Pretti desde cedo trabalhou na Brasital S/A, como era típico entre os jovens de Salto, cidade que deixou aos 20 anos, quando foi para São Paulo trabalhar como desenhista das Indústrias Matarazzo. Quatro anos mais tarde, mudou-se para o Rio de Janeiro, empregando-se na Companhia América Fabril, onde desenvolveu padronagens para tecido. Foi na então capital da República que completou seus estudos, no seio da Sociedade Brasileira de Belas Artes. Trabalhou também no periódico carioca Diário de Notícias, produzindo caricaturas. Em 1940 retornou a São Paulo, onde instalou seu atelier denominado Publicidades Flávis, na Avenida Celso Garcia. Em meio aos temas de sua obra, Pretti possui algumas criações sobre sua cidade natal. Os azulejos de Homens que construíram esta cidade (1968), existentes no Complexo Turístico da Cachoeira, constituem um exemplo. Neles estão representadas as figuras do indígena, do negro, do bandeirante, do padre, do trabalhador rural e do operário fabril – num discurso que pretende integrar e nivelar a importância de grupos sociais e momentos históricos distintos na constituição de sua cidade natal. Pretti esteve em Salto pela última vez em 1994, falecendo dois anos depois.


“Salto”, de Flávio Pretti.

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Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966