4 de junho de 2009

Maestros saltenses

Importantes maestros saltenses foram sepultados no Cemitério da Saudade, concentrando-se por mero acaso numa mesma rua. Um deles é Henrique Castellari, na perpétua número 08, na qual existe uma grande escultura em frente (foto a seguir). Outros três, pertencentes a gerações distintas de uma mesma família, estão sepultados na perpétua 43: Antônio Pereira de Oliveira, Silvestre Pereira de Oliveira e Agostinho Pereira de Oliveira. Na perpétua número 5 está João Tatangelo (1886-1944). E à esquerda da perpétua número 1 está Mário Baldi (1919-1990) – ambos estão relacionados na Galeria dos Maestros existentes no Conservatório Municipal, idealizada por Genézio Migliori, colunista do jornal Voz da Cidade. Outros nomes dessa Galeria estão sepultados no Saudade: Manoel Paiva (1950-1987), Amâncio Maestrello (1920-1990), Rolando Lenzi (1933-2004), Mauro Fabbri (1889-1963), João Batista Dalla Vecchia (1896-1981) e Leonel Maestrello (1934-1964).


Escultura existente à frente da sepultura de Henrique Castellari.

Henrique Castellari (1880-1951):
Nascido em Parma (Itália) em 27 de julho de 1880, veio para o Brasil com seus pais em 1891. Na adolescência foi o acendedor de lampiões de Salto, quando ainda não havia a luz elétrica. Aprendeu música com o maestro João Narcizo do Amaral, e ingressou logo em seguida na Banda Musical Saltense, tornando-se regente desta em 1902 – posto no qual permaneceu até a morte. Compositor de mais de 200 músicas, sua peça intitulada “Uma Festa de São João na Roça”, de 1923, é considerada obra-prima sobre os costumes regionais. Atuou também como agrimensor e carpinteiro. Empresta seu nome ao conservatório musical local e a uma travessa no centro da cidade.

Antônio Pereira de Oliveira (1868-1946): Músico requintista (requinta, um pequeno clarinete) nascido em Salto em 1868, apelidado “Totico”. Foi compositor e regente da Banda Musical Saltense, tendo exercido muitas outras atividades, como a de construtor da Brasital e da Usina de Porto Góes. Dedicou-se à indústria extrativa de areia junto aos rios Jundiaí e Tietê. Foi chefe de numerosa família, tendo 19 filhos. Dá nome a rua em um dos bairros de Salto.

Silvestre Pereira de Oliveira (1906-1995): Nascido em Salto em 1906, foi maestro da Banda Musical Saltense de 1952 a 1995. Compositor de grande mérito, iniciou-se na arte musical ainda criança. Foi professor de música e regente de bandas em diversas cidades do interior paulista. Compôs o “Hino à Comarca de Salto”, em 1966, gravado pela Banda e Coral da Guarda Civil de São Paulo. Foi homenageado pela Rádio Record, e sua marcha “Quartel em festa” foi executada no programa “Bandas de todo o Brasil”. Seu nome está relacionado pela Universidade de Akron (EUA) como um dos 68 mais destacados compositores clássicos do Brasil do entre os séculos XVIII e XX.

Agostinho Pereira de Oliveira (1941-1994): Neto e filho de músicos, Agostinho foi o responsável pela criação da Orquestra Sinfônica e do Coral da Cidade de Salto – estando à frente desses por longo período. Autor de diversas obras, destaca-se uma missa completa, intitulada “Sagrada Família”. Estudou música ao lado de importantes nomes, como Benito Juarez e Mário Gregório. Foi professor de música e regente em diversas cidades da região.


Da esquerda para a direita: Castellari, Silvestre e Zequinha Marques.

Além dos maestros citados, outro que esteve enterrado no Cemitério da Saudade, até maio de 2007, foi José Maria Marques de Oliveira (1893-1981), o popular Zequinha Marques, na perpétua 1364. Seus restos mortais removidos daquela sepultura foram cremados e as cinzas lançadas num manancial na Serra de Paranapiacaba, município de Santo André (SP). O contato de Zequinha com a música começou ainda na infância. Na década de 1930 tocou na Orquestra Itaguaçu. Por 40 anos dirigiu o Coro Oficial da Matriz de Salto. Compositor, escreveu missas, tríduos, novenas, ladainhas, marchas nupciais, hinos sacros, marchas, dobradas e valsas. Foi também alfaiate e juiz de paz.

Um comentário:

sandra mainardi disse...

o maestro silvestre e seu filho agostinho ambos maestros eram meus parentes....

Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966