12 de agosto de 2010

Colégio Estadual Professor Paula Santos

“E já se realizaram em nossa cidade os exames de admissão ao curso Ginasial. Muitos alunos da 1ª série, que haviam iniciado o curso na vizinha cidade de Itu, estão agora matriculados em sua própria casa, assim podemos dizer”. Era assim que começava a notícia, assinada por Joseano Costa Pinto, intitulada “Ginásio”, veiculada na primeira página do extinto jornal saltense O Liberal, edição de 4 de março de 1951.

Em janeiro de 1948 se anunciou que seria criado em Salto um ginásio estadual. Diante disso, algumas comissões se formaram visando apressar a sua construção. Mas foi somente no Diário Oficial do Estado de 2 de janeiro de 1950 que foi publicada a lei número 613, criando oficialmente o Ginásio Estadual de Salto. Em 30 de novembro seria emitida a autorização do Ministério da Educação para que o ginásio começasse a funcionar.

A história da instalação de um ginásio em Salto – ou seja, a instituição do ensino escolar com classes para além da quarta série primária – é marcada por uma reunião realizada na noite de 25 de fevereiro de 1950. Essa reunião ocorreu na sede da Sociedade Instrutiva e Recreativa Operária Saltense (SIROS), no espaço que hoje abriga o Museu da Cidade, mas não atraiu muitos participantes. A população em geral não se mobilizou, apesar do convite publicado na imprensa e do desfile de uma corporação musical pelas ruas da cidade, momentos antes, com o objetivo de chamar a atenção da população para o acontecimento.

Mesmo assim, o grupo batizado “Comissão Provisória Pró-Ginásio” conseguiu reunir os líderes locais, dando início aos trabalhos. Nesse momento, os membros dessa comissão eram acusados pelo jornal O Liberal de desejarem fazer uso político da conquista de um ginásio para Salto, alegando que a atribuição de um único padrinho para a conquista seria algo injusto, sendo o nome do deputado Martinho Di Ciero, como responsável pela iniciativa, aclamado por uns e questionado por outros.

Embora com reduzida participação do povo, a reunião foi bastante agitada, sendo que um dos membros de oposição ao governo municipal teve que ser contido pelo delegado de polícia para que “não subisse na mesa”. Ao final, uma comissão definitiva para os trabalhos foi escolhida, com o professor Cláudio Ribeiro da Silva à frente, como presidente. Esses primeiros passos em torno da luta pela criação de um ginásio estadual em Salto movimentaram algumas semanas de discussões na imprensa e nos bastidores políticos.

Em 11 de janeiro de 1951, o então Prefeito Municipal de Salto, João Baptista Ferrari, abriu concorrência pública para as “obras de construção do Ginásio de Salto” – que deveriam ser executadas de acordo com o projeto e especificações fornecidas pela própria Prefeitura – antes mesmo de se ter o terreno. Em 8 de fevereiro se anunciava que a proposta da Sociedade Construtura Celbe Ltda., única empresa que concorreu, fora a vencedora. Passado um ano da animada reunião de 25 de fevereiro, que definiu a comissão definitiva pró-ginásio, o que se conseguiu foi apenas a instalação do ginásio de forma provisória em salas do Grupo Escolar Tancredo do Amaral, um prédio de 1913. Essa ideia teria partido do Dr. Archimedes Lammoglia e sido lançada num encontro informal entre autoridades ocorrido no Clube Ideal.

Em dezembro de 1950 foram realizados os exames de admissão do primeiro grupo de alunos, que começou a frequentar as aulas no dia 1º de março de 1951, em duas salas do Grupo Escolar Tancredo do Amaral. Após algumas polêmicas em torno dessa forma de se iniciar o curso ginasial em Salto, em maio de 1952 da Prefeitura doou ao Estado um terreno de 8 mil metros quadrados para a construção de um prédio próprio para o ginásio.

A situação de improviso, apesar dos trâmites visando a construção de um prédio próprio, perduraria por alguns anos. Sobre o ginásio estadual, em 1959, o Dr. Adriano Randi dizia – em livro no qual traçou um panorama completo da cidade de Salto naqueles tempos – que “por falta de prédio próprio” o ginásio estava “funcionando provisoriamente há 8 anos no prédio do G. E. Tancredo do Amaral, em condições precárias e com prejuízo do curso primário do mesmo”, com um total de 138 alunos matriculados naquela data. Nesse mesmo ano, o Tancredo passou por uma reforma e o ginásio funcionou temporariamente em quatro salas do Externato Sagrada Família. Em 1960, por iniciativa do deputado Dr. Archimedes Lammoglia, foram iniciadas as obras de construção do prédio do ginásio, concluídas em 1962. No ano seguinte, as aulas começaram a ocorrer também no período noturno.

O Colégio Paula Santos no início da década de 1960.

Jubileu de Prata do "Paula Santos". Foto de Benito Begossi.

Curso de admissão ao ginásio, 1967. Foto de Jessia Sampaio.

Formatura de Araldo Bertani Jr., recebendo os cumprimentos do diretor Antônio Ferrari.


O PATRONO

Grande educador, José de Paula Santos – escolhido para nomear o primeiro ginásio estadual de Salto – nasceu na cidade de Guaratinguetá/SP, em 22 de janeiro de 1893, fazendo seus primeiros estudos naquela cidade, onde se formou professor em 1911. Lecionou nas cidades paulistas de Lorena, São Carlos, Rio das Pedras e Guaratinguetá, antes de se radicar em Salto em 12 de maio de 1915, passando desde logo a lecionar no então único grupo escolar de Salto, que mais tarde viria a se chamar Tancredo do Amaral. Em 1917, casou-se com dona Maria de Almeida, de Itu, conhecida em Salto como Dona Cotinha. Paula Santos saiu do Tancredo do Amaral em 1932 para lecionar matemática no Instituto Regente Feijó, em Itu, local onde se aposentou em 1941. Pequeno e franzino, era apelidado de “Baxixa”. Outros ainda o chamavam de “Anchieta de Salto”. Em Salto, participou ativamente da vida social, pertencendo à diretoria de algumas sociedades, como a Sociedade Instrutiva e Recreativa Ideal - SIRI. Faleceu em 1949.

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Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966