8 de fevereiro de 2008

O MAPPA

Um cartão de 12 x 16 cm, com uma folha interna de dimensões próximas ao do atual padrão A2, dobrada várias vezes, resultando em 16 quadros, constitui o “mappa commercial, industrial e profissional de salto”, editado por José Faria de Barros e S. A. Ferreira no início da década de 1930. Ao interessado, o tal “mappa” saía por dois mil-réis, e sua tiragem total foi de 3 milheiros.

Embora o impresso não seja unicamente um instrumento cartográfico, nem esse é seu enfoque, de fato há um mapa: um “levantamento topográfico militar do município de Salto”, em escala de 1:2.000.000, desenhado por Henrique Castellari. Nele se observam os limites territoriais de Salto em maio de 1931, que perfaziam uma área de 274 quilômetros quadrados [hoje Salto tem 168]. No mais, o mapa se preocupa em detalhar rios, córregos, estradas, ferrovias e pontes.

Na página oposta ao mapa constam oito fotos da Salto da época. Uma panorâmica, correspondente à vista que se tem quando se chega à cidade vindo de Itu, a Ponte Pênsil, a imagem de Nossa Senhora do Monte Serrat [aquela que foi consumida no incêndio de 1935], a cachoeira no Tietê, dentre outras. Ladeando as fotos, informações das mais diversas, como os horários de trens da Estrada de Ferro, com partidas diárias de Salto para Cosmópolis, Itu, Mairinque, Jundiaí e Piracicaba. Há ainda uma lista da “numeração estadual nas placas de veículos”, onde se vê que, para Salto, o número era o 183. Tínhamos um Estado de São Paulo com 262 cidades, quando hoje são 645.

Mas o que há de especial neste “mappa” é o seu “indicador nominal” – espécie de páginas amarelas da cidade de Salto naquele momento, listando em especial comerciantes, indústrias e o que hoje chamamos de prestadores de serviços, ou autônomos. Na listagem há nomes bastante familiares, muitos deles são hoje referenciais da memória local, seja como nome de escola, rua, praça ou outra repartição pública qualquer. Localizá-los nominalmente e, através do endereço que lá consta, identificar como se distribuíam na cidade, é tarefa curiosa, capaz de revelar dinâmicas sociais do momento.

Podemos começar com Cláudio Ribeiro da Silva, “Diretor do Grupo Escolar”, morando na av. Dom Pedro II, 28. Tínhamos ainda a professora Benedicta de Rezende vivendo na mesma avenida, no número 149. Ou então Emílio Telesi, com sua barbearia no número 44 da Barros Júnior [onde seu filho continua, no mesmo ofício, até hoje]. Há ainda o “revmo. Padre” João da Silva Couto, citado como “Vigário da Paróquia”, na Sete de Setembro, 133 – rua que hoje leva o seu nome. O tradicional “Joaquim enfermeiro”, que atendeu a tantas gerações de saltenses, apresentado como “José Martins – Enfermeiro. Curativos e injeções mediante prescrição médica”: morava na Marechal Deodoro, 54. A lista tem bem seus 500 nomes e endereços e se constitui numa fonte que possibilita o início de um estudo minucioso de uma época específica em Salto.

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Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966