16 de julho de 2009

Memória em postais - III


Brasital, c.1927
Acervo Museu da Cidade de Salto

A indústria Brasital, formada com capital brasileiro e italiano, marcou território e época em Salto, dominando parte da vida da cidade até por volta dos anos 1950. Construiu vilas operárias, instalou armazém, açougue, creche e escola. Quase sempre em expansão, a Brasital era o destino de muitos filhos de operários, já que a política de contratação privilegiava os familiares de empregados. Isso se concretizava por volta dos 14 anos de idade, em especial para as mulheres. Acabou ganhando o apelido de “Mãe de Salto”. A denominação Brasital persistiu até 1981, quando o Grupo Santista a adquiriu. A fábrica existiu até 1995, momento em que a então Alpargatas Santista encerrou suas atividades em Salto. Atualmente, os prédios da antiga tecelagem abrigam um centro universitário.



Rua da Igreja, c.1915
Acervo Museu da Cidade de Salto

Durante o século XIX a atual Rua Monsenhor Couto chamava-se Rua da Igreja. No início do século XX essa via pública passou a se chamar Rua Sete de Setembro. Em 1959 deu-se a última mudança, passando-se ao nome hoje em vigência, uma homenagem ao padre João da Silva Couto, que chegou a Salto em 1926, tomando posse como vigário da paróquia de Nossa Senhora do Monte Serrat, na qual permaneceu por mais de 44 anos. Sacerdote muito estimado por toda a população, sua presença marcou época. Na foto, vê-se, ao fundo, a primitiva capela construída por Antonio Vieira Tavares na década de 1690. Sua demolição ocorreu em 1928 para dar lugar à atual Igreja. Em meio à rua de terra, um carro de boi.



Chico Turco, 1928
Acervo Museu da Cidade de Salto

No século XIX a pesca garantia a subsistência de alguns moradores da região de Salto. Desde a década de 1920 viveu na Ilha Grande, pouco abaixo da cachoeira no rio Tietê, o pescador sírio conhecido por Chico Turco, que na foto mostra o resultado de uma noite de pescaria. Eram famosos os seus viveiros de peixes: grandes gaiolas imersas no rio, nas quais o cliente escolhia ainda vivo o peixe desejado. Até a década de 1950 pescar no rio Tietê era algo possível aos saltenses. Após essa data a gradativa chegada da poluição paulistana afastou os pescadores.



Pedreira no Bairro da Estação, 1947
Acervo Museu da Cidade de Salto

O ofício de canteiro, voltado ao corte de pedras, difundiu-se em Salto no final do século XIX. Famílias inteiras acabaram se dedicando a essa atividade, desenvolvendo uma técnica apurada e aprofundando um saber transmitido de geração a geração. Mesmo quando a indústria têxtil garantia a maior parte dos postos de trabalho na cidade, a extração e o corte de pedras contribuíam como expressivos geradores de empregos. A arte dos canteiros de Salto marcou a paisagem urbana da cidade. Além das ruas calçadas com paralelepípedos, muitos prédios expressivos exibem elaborados blocos de granito em suas construções. As bases das antigas tecelagens e da estação ferroviária, a escadaria da Igreja Matriz e a Usina de Lavras, estão entre os muitos exemplos encontrados.

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Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966