15 de outubro de 2008

Tecelagens às margens do Tietê

A partir de 1875, a presença de empreendimentos fabris às margens do rio Tietê transformou Salto numa localidade voltada para o trabalho. Em geral, a mão-de-obra dessas primeiras fábricas era formada pelo trabalhador livre brasileiro, com numerosa presença de mulheres e crianças, como se pode ver nas fotos dos grupos de operários desse período.


Fábrica Fortuna. Grupo de funcionárias da seção de fiação com seus mestres, 1903.

No final do século XIX, a composição desse quadro inicial se alterou com a chegada de imigrantes europeus, em sua maioria italianos. Este grupo, presente em grande número nas primeiras décadas do século XX em Salto, constituía a maioria dos operários empregados, que em muitos casos eram egressos de fazendas de café do interior paulista.

Foram os descendentes desses primeiros italianos a formar o contingente de trabalhadores das décadas seguintes, pois a política de contratação dava preferência aos filhos de operários ativos na empresa. Durante décadas, o destino de muitos jovens saltenses estava traçado desde o berço: aos 12 ou 14 anos, ingressariam na Brasital S/A – indústria de fiação e tecelagem, proprietária de todo o complexo fabril instalado às margens do rio Tietê, em Salto, entre 1919 e 1981.

Era marcante a presença feminina, com as mulheres representando, por volta de 1940, 75% da mão-de-obra empregada. A elas invariavelmente cabia uma dupla jornada, tendo que conciliar os afazeres domésticos, nos períodos de folga, com o trabalho na fábrica. Os 25% restantes eram homens que trabalhavam na tinturaria, oficinas mecânica, elétrica e de carpintaria, nos escritórios, nas cardas e nos depósitos de algodão e de fios.

Quanto aos menores de 18 anos, as meninas ingressavam como auxiliares das maquinistas, tanto na fiação como na tecelagem. Os meninos ingressavam como ajudantes dos mecânicos, eletricistas e carpinteiros. Outros ingressavam no escritório da fábrica ou como escriturários nas seções da indústria – tais como tecelagem, fiação, tinturaria e oficinas. Informou-me dessa distribuição, durante essa semana, meu amigo Genézio Migliori, que lá trabalhou por 18 anos, tendo ingressado aos 14.

A relação dos operários com o rio sempre foi muito estreita. Existiam lendas em torno da existência de uma canoa fantasma, que podia ser vista nas águas do Tietê através das janelas da fábrica, pelos funcionários do turno da noite. Outro exemplo é a cena comum, até a década de 1950, de operários que saíam do serviço às 16h30 e atravessavam a Ponte Pênsil para ir pescar. Quase sempre havia um parente ou amigo esperando com as varas e as iscas. Ao escurecer, retornavam para suas casas com os peixes, que constituíam a mistura do almoço ou jantar do dia seguinte.

Um comentário:

Profa. Susana disse...

Olá
Elton
legal você jovem e gostar de
ser historiador
É assim que a memória permanece
acesse:
http://revistatudotodosenos.zip.net/index.html
Tá bagunçado mas logo ficará bom
Abraços

Susana

Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966