13 de abril de 2008

Historiografia de Salto

Em 16 de junho de 1966, o jornal paulistano A Gazeta Esportiva, em sua edição do interior, trazia um “Roteiro Turístico de Salto”, em virtude de a cidade completar naquela data 268 anos de fundação. Vejamos abaixo como se contava a história de Salto há 42 anos, numa narrativa marcada pelo bordão “cidade-trabalho” e pela preocupação em nos desligar de Itu, naqueles tempos. Exalta-se, ainda, a cidade que vivia um “surto de progresso”:

HISTÓRICO DE SALTO

A “cidade-trabalho” foi fundada pelo capitão Antônio Vieira Tavares no dia 16 de junho de 1698 no sítio denominado “Cachoeira” que se distendia do ângulo formado pela confluência do rio Jundiaí no rio Tietê, em cuja margem direita pela primeira vez houve repique de sinos. Padre Felipe de Campos da cidade vizinha de Itu, juntamente com o fundador da cidade, e demais convidados, e sob olhares de escravos e índios Tupi de Paranaitu, solenemente benzeu a capela erigida sob a invocação da augusta padroeira de Salto, Nossa Senhora do Monte Serrat, cuja festa em seu louvor é grandemente comemorada e conhecida em todo o Brasil.

Foi a redor da pequena capela que surgiu um povoado que inicialmente tomou o nome de “Salto de Ytu” e que na língua tupi-guarani significa “salto d’água”, nome aliás derivado da famosa cascata da cidade de Salto. É oportuno que se diga que a denominação de “Salto de Ytu”, ainda conhecida por muitos até hoje, foi objeto de discussões desde o ano de 1906. No entanto, também é bom que se diga que tal denominação hoje é completamente fora de uso pois que desde 29 de dezembro de 1917 pela lei n.º 1593 do então governador de São Paulo sr. Altino Arantes, o nome “Salto de Itu” foi desmembrado para somente SALTO. Hoje com a criação da comarca da cidade, será errôneo, até inconcebível que se ligue esta cidade a de Itu. Salto deve ser conhecida definitivamente somente como Salto, cidade-trabalho. No entanto, os laços de amizade, de cordialidade e de fé cristã que ligam Salto à cidade de Itu são inquebrantáveis.

Voltando ao histórico da cidade de Salto diremos que em 27 de março de 1889, pela lei n.º 68, foi dada autonomia municipal desmembrando-se do município de Itu. Salto sempre foi cidade estritamente industrial, e Tancredo do Amaral, em sua obra de 1896, “O Estado de São Paulo”, dizia que depois da Capital do Estado, o município de Salto era o mais industrial visto aqui encontrarem-se instalados 3 importantes indústrias de tecido e 1 de papel. (...) A famosa ponte pênsil e o mirante ao lado do Rio Tietê (maravilhas turísticas da cidade) foram construídos em 1912 bem como o Jardim Municipal, o Matadouro e o tradicional “Grupo Escolar Tancredo do Amaral”. Em 1932 foi iniciado o calçamento da cidade com paralelepípedos (material esse grandemente exportado para outras cidades) e em pouco tempo quase toda a cidade estava completamente calçada. Dado o surto de progresso por que passa a cidade de Salto (motivo primordial da criação da Comarca), conseguiu-se nestes últimos anos muito do Governo Estadual, e particularmente, do nosso grande deputado estadual Dr. Archimedes Lammoglia. Ginásio Estadual e Industrial; Científico e Normal; Verbas para construção de nova adutora e filtragem de água; e muitas outras reivindicações que demonstram bem a capacidade de progresso da cidade de Salto.

Possuindo pouco mais de 25 mil habitantes a cidade-trabalho está ligada a São Paulo por estrada asfaltada de apenas 99 quilômetros; à Sorocabana [sic] com 42 e Campinas com 38 quilômetros apenas. Seu parque industrial vastíssimo conta com fácil mão-de-obra.

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Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966