17 de agosto de 2009

A extinta S.I.R. Ideal

A tradicional Sociedade Instrutiva e Recreativa Ideal, ou simplesmente Ideal, foi fundada em 23 de abril de 1927. Caracterizou-se nos seus primeiros anos por ser o clube da elite local, embora Salto fosse uma cidade eminentemente operária. Surgiu no antigo Salão Arzília Silva, quando nele funcionava um cinema, o Cine Rio Branco, pertencente a Antônio Peres.

Nos primeiros anos de atividades o clube Ideal trocou de local por várias vezes. Se a sua origem foi no ponto que em 1963 seria construída sua sede definitiva, entre as atuais ruas 23 de Maio e Dr. Barros Júnior, por muitos anos esteve próxima ao rio Tietê, na parte mais baixa do centro da cidade. Ao sair do Arzília Silva, a sociedade fixou-se numa casa da segunda quadra da Rua Prudente de Moraes.

Em 1932 nova mudança levaria a sede para o casarão de Aurelina Teixeira, localizado na atual Praça Archimedes Lammoglia, mesma edificação que em 1936 passou a abrigar a Escola Paroquial, o “Coleginho” das religiosas denominadas Filhas de São José. A foto acima muito possivelmente foi tirada no interior desse casarão.

Nova mudança então se fez necessária, passando o Ideal a ocupar um prédio próximo à cabeceira da ponte Salto-Itu, local que nas décadas seguintes abrigou o sindicato dos trabalhadores de indústrias têxteis, área recentemente ocupada por uma revendedora de motos.

Em 3 de fevereiro 1945 o Ideal retornou ao local onde nascera, pagando aluguel: o espaço do antigo Cine Rio Branco, comprado por João de Almeida, que desde 1942 abrigava o Cine São Bento. Apesar dessa mudança, havia ainda um plano de se retornar às proximidades da sede anterior, pois o clube comprara um terreno defronte a atual Praça da Bíblia, onde funciona um comércio, hoje. Contudo, o clube fixou-se no antigo prédio construído no início do século, concebido para ser um cinema, remodelando-o por completo.


Os estatutos

A Sociedade Instrutiva e Recreativa Ideal teve como primeiro presidente o italiano Hilário Ferrari. A assembléia geral que aprovou seus estatutos ocorreu em 11 de agosto de 1930. A elaboração desses deveu-se aos trabalhos de uma comissão composta pelos “consócios” Helvídio dos Santos, Victor Bombana e Sebastião Avelino Lordello. Na ocasião, compunham a diretoria da sociedade: Claudio Ribeiro da Silva (presidente), Joaquim Faria (vice-presidente), José de Arruda Mello (tesoureiro), Laerson de Almeida Souza (vice-tesoureiro), Sebastião Avelino Lordello (secretário) e Francisco Passafini Junior (vice-secretário).

No Artigo 2 do Capítulo I dos estatutos, os fins da sociedade são declarados: manter a sede social como centro de reuniões, palestras e leitura; organizar uma biblioteca; promover festivais cívicos, literários, esportivos e dançantes, bem como outras diversões que não sejam impróprias ou inconvenientes; proporcionar aos associados todos os jogos lícitos, com exclusão absoluta dos que são proibidos pelas leis do país.

O capítulo sobre a classificação dos sócios nos dá o panorama daqueles que, na sociedade saltense daqueles anos, poderiam fazer parte da SIRI. Existiam quatro tipos de sócios: honorários, beneméritos, fundadores e contribuintes. Eram sócios honorários os cidadãos que, mesmo sem pertencer ao quadro social, manifestassem grande interesse pela sociedade e pudessem, por seus méritos particulares, contribuir para o “prestígio e prosperidade da associação”. Os beneméritos eram aqueles que já pertenciam ao quadro social e tivessem doado à sociedade, em “moeda ou em valores”, a quantia de quinhentos mil-réis ou mais. Ou ainda, que tivessem prestado a SIRI “grandes e relevantes serviços”. Eram considerados sócios fundadores aqueles que faziam parte da sociedade desde o mês de sua fundação. Contudo, caso interrompessem o pagamento das mensalidades, perderiam “a qualidade de sócio fundador”. Os demais sócios seriam os classificados como contribuintes.

Sobre a admissão de novos associados, os estatutos informam que ela só poderia ocorrer mediante proposta de três sócios quites, desde que não fossem membros da diretoria. Para ser aceita, a proposta deveria ter, ainda, parecer favorável da comissão de sindicância, tendo o candidato a sócio que preencher rigorosamente os seguintes requisitos, expressos nestes termos: ser de perfeita idoneidade moral; residir em Salto há mais de três meses (o que deixava de ser uma necessidade no caso de a pessoa ser “notoriamente conhecida”); não sofrer de moléstia contagiosa, repugnante ou física; ter dezoito anos de idade no mínimo, comprovada com certidão de nascimento, se exigida; pertencer a família cujos membros também estejam em condições de freqüentar os salões da sociedade, sem o menor inconveniente para esta e, por fim, estar em pleno gozo de seus direitos civis. Nota-se, portanto, a marca peculiar na seleção dos sócios.

2 comentários:

Hélio Emilio Delegá disse...

Minha vida ficou profundamente marcada pela S.I.R. Ideal. Não somente pelos momentos de lazer, mas também pelo carinho que a dediquei quando fui presidente (1992-1994). A S.I.R. Ideal sempre realizou eventos marcantes, que além de proporcionar lazer, cumpriu muito bem o papel de divulgar a cultura.

Nádia R. Milioni disse...

Nossa adolescência foi no trecho do IDEAL à Praça da concha acústica... Gente, que época maravilhosa!!! Não é à toa que todos sentem uma baita saudade!!

Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966