19 de março de 2009

A cidade faz o show

Em 1987, a TV Cultura, com o Projeto Cultura Paulista, viajava pelo interior do Estado de São Paulo para gravar o programa semanal “A Cidade Faz o Show”, retratando uma cidade por programa. Gravado em 19 de dezembro de 1987 e exibido em janeiro de 1988, com 58 minutos de duração, foi o programa sobre Salto. Apresentado por Júlio Zelman Lerner [1939-2007], com o auxílio das repórteres Lucila Pinto e Eliana Costa, várias pessoas emblemáticas para a cidade na época foram entrevistadas. Lembro-me, aos 7 anos, de ter assistido a esse programa. Em 2007 ele me chegou numa fita VHS. Convertido para DVD, há alguns dias o postei em partes no YouTube [http://tiny.cc/2kzty].

Na abertura do programa sobre Salto, Lerner assim apresentou nossa cidade: “margem direita do rio Tietê, imediações de uma cachoeira que os índios chamavam de Ytu Guaçu; um povoado que cresceu muito com a vinda dos italianos, após a Proclamação da República. Indústria, comércio e muita cultura na vida e tradição desta cidade. Nós estamos a 100 quilômetros de São Paulo, a capital. Aqui, vivem aproximadamente 80 mil pessoas. Hoje, é Salto que faz o show!”.

Em seguida, a repórter Lucila Pinto mencionou que “o povoado [de Salto] foi se formando em torno da capela de Nossa Senhora do Monte Serrat” para, então, apresentar a Banda de Clarins Nossa Senhora Aparecida, responsável por anunciar a partida e a chegada dos romeiros de Salto. Para falar da banda, Oswaldo de Arruda (Jacó), seu chefe, foi entrevistado. Já Eliana Costa, a outra repórter, ao tratar do Conservatório Maestro Henrique Castellari – que à época atendia a 1500 alunos – entrevistou a professora Irene Vasconcellos, ainda hoje em atividade. Instantes depois, alunas de “dona Irene” se apresentaram na Concha Acústica, tendo o rio Tietê ao fundo.

Para falar de Salto como “cidade que teve uma vida cultural e social das mais intensas”, o entrevistado foi o historiador Ettore Liberalesso, que também citou alguns dos fatos mais significativos para a formação da cidade. “Símbolo do progresso de Salto” e já tendo sido denominada “mãe dos saltenses”, a Brasital assim foi destacada por uma das repórteres – que mencionou que a empresa, naquele ano de 1987, pertencia à Santista Têxtil. Mas o enfoque do programa foi mesmo foi a arte e a cultura. Até mesmo o grupo de pagode “Coisa Nossa”, com apenas um ano de existência, foi apresentado na ocasião, sendo entrevistado o seu líder, Diógenes Vanildo Augusto. E fritando um crostoli em plena praça esteve Lázara Petrina Gil Rodrigues, entrevistada por Júlio Lerner. A seguir, Eliana Costa apresentou a “Mazzeto’s Pizzaria”: “a melhor pizza da cidade de Salto tem endereço certo... proprietário da casa e mestre no assunto é o senhor Walter Mazzeto”.

Muitas outras pessoas e temas foram apresentados nesse programa: Antônio Esmael Stecca, técnico da equipe de bicicross que existia na cidade; Waldomiro Corrêa da Cruz, o Urubatão, apresentado como tipo folclórico e querido da cidade, acompanhado de Marcos Pardim; a União Musical Gomes Verdi e seu maestro Mário Baldi; os artistas plásticos Lídia Dotta Lobo, Henrique Castellari Júnior e Eugênio José Teribelli; o então prefeito Pilzio Nunciatto Di Lelli; o violonista José Tatangelo e seu grupo de choro, Serenoso; o dr. Adriano Randi e sua coleção de selos; Maria Theodora Liberatore Vitale, como uma das mais antigas moradoras, falou dos taperás; o pescador Luiz Speroni; Edmur Ignácio Sala, que comentou sobre a Rocha Moutonnée; Thereza Camerra, senhora muito idosa, falou do período áureo da presença italiana em Salto; o assessor de Cultura, Valderez Antonio da Silva, que abordou a restauração do Teatro Verdi; e, por último, houve a apresentação de um coral regido pelo maestro Agostinho Pereira de Oliveira, encerrando o programa. Trata-se, sem dúvida, de um registro dos mais importantes e bem elaborados sobre nossa cidade em fins da década de 1980.


Alguns dos entrevistados no programa: Ettore Liberalesso (1),
Lázara Gil Rodrigues (2), Urubatão (3) e Thereza Camerra (4).

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Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966