7 de maio de 2008

Presença japonesa em Salto

Para se escrever uma história da imigração japonesa em Salto é fundamental que sejam consultados os registros de estrangeiros existentes no Museu da Cidade. O registro nacional dos estrangeiros residentes no Brasil surgiu durante o Estado Novo, com um decreto de Getúlio Vargas de 1938, obrigando todos os indivíduos maiores de 18 anos, que não possuíssem a nacionalidade brasileira, a se registrarem nos órgãos policiais do lugar em que residissem. Estavam isentos desse registro os estrangeiros com mais de sessenta anos de idade à data do decreto. Dos quase novecentos prontuários existentes no Museu, quarenta deles são de japoneses. Embora correspondam a menos de 5% da série documental, a análise desses prontuários propicia algumas conclusões e dá pistas para um trabalho de maior fôlego sobre o tema, constituindo-se num pontapé inicial indispensável.

Os dois prontuários mais antigos datam de novembro de 1940. São do casal Choichi e Haruyo Kimura, ambos nascidos em Osaka. Choichi, o marido, contava, na ocasião em que compareceu à Delegacia de Polícia de Salto, com 48 anos de idade (nascido em 1892) e Haruyo, a mulher, com 44 (era de 1896). O casal chegou ao Brasil em 3 de março de 1930, a bordo do “Montevideo”. Viviam na Chácara do Rosário – ele como lavrador e ela como doméstica. Em 1940, tinham dois filhos menores de 18 anos: o jovem Kiyoyoshi, com 16, e a menina Satie, com 12. Em abril de 1942, Kiyoyoshi Kimura [foto 1], ao atingir a maioridade, compareceu à Delegacia. Naquela data, ele ainda residia com os pais na Chácara do Rosário, “no bairro Canjica, deste município”, trabalhando como lavrador. Em 1945, sua irmã Satie [2] segue o mesmo procedimento e também se registra – ela que tinha menos de 3 anos de idade quando a família desembarcou em Santos.

Há os três prontuários dos irmãos Abe, dois homens e uma mulher, naturais do estado japonês de Fushushima. Filhos do casal Issamu Abe e Yoshimo Abe – Teruo [3], Toshio [4] e a jovem Eiko [5] chegaram muito pequenos ao Brasil. Vieram a bordo do “Arizona Maru” e desembarcaram no porto de Santos em 25 de março de 1935. A mais velha é Eiko, nascida em 1929. Teruo é de 1931 e o caçula Toshio é de 1934. Na ocasião do registro, em 1958, todos eram lavradores no Haras São Luiz.

No ano seguinte, temos dois registros da família Nagata, que se faz presente por meio de duas mulheres. Uma delas é Umeko Nagata [6], solteira, filha de Tohe e Chyo Nagata, que tinha 20 anos e era agricultora por “conta própria” no “bairro Monte Alegre – município de Salto”. Havia desembarcado no porto de Santos há um ano e dez meses, precisamente em 9 de fevereiro de 1958. No mesmo dia, chegou Kinko Nagata [7], casada com Shigemasa Yano e filha de Shinti Nagata e Hatuo Nagata. Trouxe consigo três crianças: Yoshiki, com 9 anos; Hiroshi, com 7; e Hiromitsu, com 4. Kinko, assim como Umeko, residia no bairro Monte Alegre, trabalhando como agricultora.

Vivendo e trabalhando na Chácara Donalísio encontramos Take Hirashima [8], com 63 anos de idade, natural de Fukuoka; e Chiyoka Hirashima [9], com 33 anos, tendo um filho de 7 e outro de 3 anos. Ambas chegaram ao porto de Santos em 14 de março de 1959, a bordo do “Argentina Maru”.

Distribuindo-se quase sempre por bairros rurais, há diversos prontuários de japoneses residentes no então populoso bairro do Buru, trabalhando como lavradores: casos de Chieko Tsuji, casada com Shigeru Tsuji; Choko Zukeran, casado com Fumi Zukeran; e de Hyoji e Shosaku Yamada – respectivamente pai e filho, residentes no Brasil desde 1957. O único caso de japonês trabalhando fora do campo em Salto é o de Tomoharu Murakami [10]. Em 1958, era morador da Rua Joaquim Nabuco e trabalhava “na firma EMAS”, tendo chegado ao Brasil cerca de um ano e meio antes.

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Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966