1 de julho de 2008

Notas sobre o Buru

A partir desta semana, veicularei nesta coluna textos criados a partir da audição de depoimentos existentes no Museu da Cidade de Salto, gravados em sua maior parte no início da década de 1990. O primeiro a figurar aqui é o de Palmira Merlin Santinon. Durante a gravação de quase 23 minutos, efetuada em abril de 1993, o principal tema presente na conversa entre Palmira e seus interlocutores é o bairro rural do Buru.

A depoente
Palmira nasceu em 14/06/1912 “num lugar [...] [chamado] Ribeiro”, próximo a Capivari. Em 1923, veio para a cidade de Salto. Nesta, viveu até seus 18 anos, quando se casou com Guilherme Santinon e foi morar no bairro rural do Atuaú, onde seu marido já residia. Logo em seguida, o casal comprou terras no bairro do Buru, onde administraram por muito tempo a Venda do Buru. Nessa área, que antes de pertencer à família Santinon denominava-se Sítio do Turco – e por conseqüência tinha-se o Armazém do Turco – Palmira viveu por 55 anos. Assim sendo, o tempo a ser abordado pela depoente, ao falar do Buru, vai do início da década de 1930 até meados da década de 1980.

Os três Burus

Território vasto e, até bem pouco tempo atrás, muito distante do núcleo urbano de Salto (era recorrente entre os saltenses a expressão “tão longe como daqui ao Buru...”), dividia-se em três partes: Buru de Baixo, Buru do Meio e Buru de Cima. Segundo a depoente, essa divisão era feita por meio de águas, com alguns córregos fazendo as vezes de divisa entre uma fração do bairro e outra. O Buru no qual se localizava a Venda era o “do Meio”. Sabe-se que essa divisão era adotada há muito tempo, desde o final do século XVIII, pelo menos. O censo populacional de Itu de 1792 – cuja documentação, sob guarda do Arquivo do Estado de São Paulo, denomina-se “Maços de População de Itu” – alocou o “Boyri de Sima” e o “Boyri de Baixo” na 5ª Companhia. Pela circunscrição das demais Companhias nas quais o território ituano estava divido (incluindo os atuais territórios de Indaiatuba, Jundiaí e Piracicaba, por exemplo), nos parece lógico ser denominado Boyri o nosso Buru.

Famílias e sítios
A depoente citou as famílias que residiam no Buru no tempo em que lá viveu: Stecca, Zambon, Mosca, Bracarense, Garcia, Ribeiro, Gianotto, Quaglino, Keiller e a família de José Eduardo. Solicitada a citar nomes de sítios do Buru, menciona que não era muito comum os sítios terem nome, tinha-se sim o nome do proprietário associado às terras. Assim sendo, lembra-se dos sítios Aleluia, do sítio dos Di Siervo, dos Bracarense, dos Mosca, dos Zanoni, do doutor Janjão e da fazenda dos Anastácios. Em um levantamento topográfico de Salto de 1931, é possível a localização de algumas outras propriedades então existentes, como os sítios Nova Trento e o de J. Bergamo.

Outros temas são abordados nessa gravação disponível integralmente na Internet:
www.salto.sp.gov.br/museu/depoimentos/dep30.wma

Nenhum comentário:

Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966