12 de maio de 2009

História dos cemitérios de Salto

Ao serem abertos os alicerces para a construção da nova Igreja Matriz de Nossa Senhora do Monte Serrat, no ano de 1928, em substituição à capela edificada pelo fundador da cidade no final do século XVII, ossadas humanas foram encontradas naquele local: indício de que algumas pessoas ligadas ao culto católico tinham sido sepultadas junto às paredes de taipa da primitiva capela.

Outras referências sobre cemitérios em Salto datam de 1887, quando a Província de São Paulo foi assolada por uma epidemia de varíola. Naquela ocasião, o industrial pioneiro, Dr. Barros Júnior, considerado um benemérito local, construiu três hospitais de isolamento – também conhecidos por lazaretos – localizados em pontos distantes do então centro da cidade. Sabe-se que as vítimas fatais do contagioso “mal das bexigas” eram enterradas próximas a esses locais de isolamento, dada a pressa em sepultá-las.

Um desses lazaretos situava-se no Bairro da Estação, na margem esquerda do rio Jundiaí, para além dos trilhos da Companhia Ytuana de Estradas de Ferro. Outro ficava no atual Jardim Três Marias, nas proximidades da sede da Guarda Municipal, na margem direita do rio Tietê – que naquela época era uma região de mata densa e bastante afastada do núcleo urbano. O terceiro – existente até o início do século XX – estava no terreno hoje circundado pelas ruas 9 de Julho, Rio Branco, Benjamin Constant e Rodrigues Alves. Sendo o maior deles, nessa área também se encontrava a capela de Santa Cruz.

Até o final do século XIX a maioria das pessoas que faleciam em Salto eram enterradas em Itu. No ano de 1890, meses após Salto ser elevada a vila independente, teve início uma campanha junto à população para a construção de um cemitério no terreno doado por Antônio da Silva Teixeira. Esse terreno corresponde hoje à área ocupada pela Praça XV de Novembro e pela Escola Estadual Professor Cláudio Ribeiro da Silva. Tal cemitério (chamado de Velho ou da Vila Teixeira) existiu até 1958, embora os sepultamentos nele estivessem proibidos desde junho de 1952.


O cemitério da Vila Teixeira em desenho de Gileno do Carmo, com os portões voltados para a atual Av. Dom Pedro II. Jornal Taperá, 10/10/1998.

Nesse intervalo de seis anos ocorreu o processo de trasladação das antigas sepulturas para o atual Cemitério da Saudade (então chamado de Novo ou da Vila Nova), existente desde 1903 e que, em 1954, foi ampliado com a incorporação de terrenos adjacentes. Alguns dos mais antigos túmulos vistos, situados próximos à capela central, são provenientes do cemitério da Vila Teixeira. Exemplo disso é o túmulo do próprio Dr. Barros Júnior: sepultado em 1918 no cemitério Velho, sua sepultura foi trasladada na década de 1950 para o local em que hoje está no Cemitério da Saudade.

Portanto, durante quase 50 anos Salto conviveu com dois locais de sepultamento de seus mortos: os cemitérios da Vila Teixeira e da Vila Nova. Extinto o primeiro, apenas a partir de 1990, com a instalação do cemitério denominado Jardim do Éden, no Jardim Celani, Salto voltaria a ter um segundo campo santo. Mais que centenário, o Cemitério da Saudade guarda sepulturas de personalidades cujas biografias ajudam a contar a história local dos últimos 120 anos, tais como antigos políticos, religiosos, médicos, artistas e professores. Outros elementos podem ainda ser observados numa visita a esse cemitério, como a qualidade dos trabalhos em granito de muito dos túmulos.


Túmulos em granito maciço do casal de italianos Luigi Zanoni (1843-1908) e Santa Mercante Zanoni (1848-1933), meus trisavós, existentes no Cemitério da Saudade.

Um comentário:

Anônimo disse...

OI Elton - Parabens pelo artigo.
Meu nome eh Karla e fui muito amiga do desenhista Gileno do Carmo. Moro nos USA e perdi contato com o Gileno.
Voce possui o endereco eletronico dele? Poderia me encaminhar? Meu e-mail eh karlad12@yahoo.com
Tocava violino com o Gileno nos anos 80 e nunca mais tive noticias dele.
Obrigada - Karla

Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966