14 de julho de 2009

Anselmo Duarte

Afamado ator e diretor cinematográfico, Anselmo Duarte nasceu em Salto, em 21 de abril de 1920, numa esquina da atual Rua Monsenhor Couto, em frente à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Monte Serrat, onde seu pai tinha um comércio, conhecido por Venda da Capivara. De origem humilde, é o sétimo filho de Olympia Duarte, senhora que, abandonada pelo marido poucos meses após dar a luz ao caçula Anselmo, muito se esforçava no ofício de costureira para sustentar toda a família.

Em Salto, Anselmo estudou no 1º Grupo Escolar, hoje Escola Estadual Tancredo do Amaral, na mesma classe de Archimedes Lammoglia e Jota Silvestre. Ainda criança, trabalhou como engraxate, aprendiz de barbeiro e molhador de tela no antigo Cine Pavilhão, onde seu irmão Alfredo era projecionista.

Em sua cidade natal, Anselmo viveu até os 14 anos, quando foi para São Paulo, onde trabalhou como datilógrafo, contabilista e dançarino. Mudou-se para o Rio de Janeiro, e lá atuou como figurante em filmes e redator e repórter de uma revista.

Seu primeiro trabalho como ator foi no filme inacabado do diretor norte-americano Orson Welles, It's All True, em 1942. Maior galã do cinema brasileiro nos anos 1940 e 1950, participou de produções dos estúdios Cinédia, Atlântida e Vera Cruz. Estreou como ator principal no filme Querida Suzana, de 1946, e seu primeiro trabalho como diretor, coroado de muito sucesso, foi em Absolutamente Certo, de 1957.

De suas atuações como ator na Cinédia, destaca-se Pinguinho de Gente, de 1949. Na Atlântida, Anselmo Duarte atuou, dentre outros, em Carnaval no Fogo e Aviso aos Navegantes, ambos do diretor Watson Macedo.

Uma das mais destacadas atuações de Anselmo foi em Sinhá Moça, do diretor Tom Payne, que ganhou o Prêmio Especial do Júri, em Veneza. No papel do compositor Zequinha de Abreu, em Tico-Tico no Fubá, também foi muito elogiado pela crítica. São essas produções da Vera Cruz que fizeram crescer a imagem de Anselmo como galã do cinema nacional. Foi também ator em Independência ou Morte, produzido em 1972.

Da esquerda para a direita: Anna Pierangeli, Mazzaropi, Debbie Reynolds, Anselmo Duarte e Ilka Soares, em visita aos estúdios da Vera Cruz, em São Paulo.
O ápice de sua carreira deu-se em 1962, quando dirigiu O Pagador de Promessas – único filme brasileiro a receber o maior prêmio mundial do cinema, a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O então jovem diretor venceu concorrentes que pertencem à história cinematográfica mundial, como Luis Buñuel, Michelangelo Antonioni e Robert Bresson.

Com a premiação, Anselmo Duarte ganhou uma série de desafetos, principalmente entre os jovens diretores do Cinema Novo. A carreira de Anselmo Duarte como diretor seguiu até o final da década de 1970. Outros de seus filmes ainda esperam uma reavaliação, tais como Vereda da Salvação, Quelé do Pajeú, Um Certo Capitão Rodrigo e O Crime do Zé Bigorna.

É, portanto, impossível pensar o cinema brasileiro omitindo a contribuição do ator e diretor saltense Anselmo Duarte. Sua carreira confunde-se com a própria história da arte cinematográfica nacional. Somando-se suas atuações como ator e diretor, são mais de quarenta filmes. Seu trabalho ao longo várias décadas, reconhecido internacionalmente, permite afirmarmos se tratar de um dos mais ilustres filhos desta terra.


Anselmo Duarte filmando em Salto, no Monte Belo, por volta de 1970.

Nota: Anselmo Duarte faleceu em São Paulo (SP), em 07/11/2009, sendo sepultado no Cemitério da Saudade, em Salto (SP), sua cidade natal. Em sua sepultura foi gravado seguinte epitáfio, um desejo seu expresso em vida: "Eis aqui a última história de um contador de histórias" (trabalho conduzido pelo autor deste blog). Pouco tempo depois, instalamos um painel em frente à sepultura que traz um resumo biográfico do grande diretor de cinema.

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Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966