Os dados biográficos do dr. Francisco Fernando de Barros Júnior [1856-1918], um dos industriais pioneiros em Salto nas últimas décadas do século XIX, foram levantados e sistematizados com minúcia por Luiz Castellari [1901-1948], autor de História de Salto, livro escrito em 1942 e publicado postumamente em 1971. Transporto para essa coluna alguns dos dados apresentados por Castellari na segunda parte de seus escritos, especialmente dedicada à figura daquele que seria cognominado “Pai dos Saltenses”, por conta de seus diversos préstimos aos habitantes daqui.
Filho de Francisco Fernando de Barros – senhor de engenho e produtor de cana – e Angela Guilhermina Mesquita Barros, o dr. Barros Júnior nasceu na então vila de Capivari, em 17 de março de 1856. Ao concluir seus primeiros estudos no Brasil – passando pelo Colégio São Luiz, de Itu, e Kopke, no Rio de Janeiro – partiu para os Estados Unidos, ingressando na Universidade de Siracusa (Syracuse University), com o propósito de se graduar engenheiro civil. Quando retornou ao Brasil, chegando em Itu em 1879, mostrou-se republicano convicto, assumindo posição de destaque no Partido Republicano de Itu. No mesmo ano se casou com sua prima-irmã, Maria Alexandrina de Barros.
Em 1880 Barros Júnior iniciou seus investimentos em Salto, com a construção de um edifício que funcionaria como tecelagem, que passou a operar em 1882, inicialmente com fios importados da Europa. Barros se sobressaiu mais como político que como industrial, sendo representante de um modelo típico do final do século XIX: político-fazendeiro-industrial. Seu pai já fora delegado de polícia em Capivari, sua terra natal. E um de seus irmãos mais velhos se elegera deputado provincial nos anos 1870.
A atuação política de Barros Júnior se iniciou nos anos 1882-1886, quando foi vereador em Itu – época que pleiteou diversos melhoramentos para a então vila do Salto. Entre 1892 e 1896, já sob o regime republicano de governo, foi deputado estadual pelo PRP (Partido Republicano Paulista). Barros Júnior deixava claro, desde seu retorno ao Brasil, quais eram seus objetivos: tornar-se um chefe político em Salto, aliando seus interesses como industrial e político do Partido Republicano Paulista (PRP).
Em Salto, Barros Júnior foi o responsável direto por algumas ações bastante significativas para a época: em 1880, reorganizou o Grêmio Musical Saltense, com caráter republicano; em 1885, criou o Gabinete de Leitura e Cultura Democrática; em 1887, fundou o Clube Republicano 14 de Julho; em 1888, fundou o jornal Correio do Salto, juntamente com Tancredo do Amaral. Aqui também o capivariano exerceu os seguintes cargos: subdelegado de polícia, intendente, presidente da Câmara e juiz de paz.
Naqueles seus anos iniciais em Salto, procurou auxiliar o recém-fundado Grêmio Musical Saltense, fundado em 1878, contratando um maestro – o ituano João Narcizo do Amaral – e comprando os instrumentos. Também admitiu alguns músicos em sua tecelagem, como operários. Em carta de 30/04/1940, o maestro Henrique Castellari [1880-1951], traz passagem sobre o Grêmio Musical e a participação decisiva do industrial pioneiro: “A Banda Musical Saltense foi fundada no ano de 1878, por um grupo de pessoas de boa vontade e vocação musical, quando Salto era ainda uma pequena povoação, com desenvolvimento incipiente. Foram seus fundadores Joaquim Florindo, Romão Ribas, João Manquinho, João de Assis e outros, todos já falecidos. Depois de 1880, mais ou menos, o benemérito saltense, Dr. Francisco de Barros Júnior, já falecido, ex-Deputado Estadual, proprietário de uma Fábrica de Tecidos nesta cidade, avocou-se a direção da referida Banda Musical. Assim, forneceu-lhe instrumental novo, músicas novas, mantendo o maestro João Narciso do Amaral (grande músico ituano), dando trabalho aos músicos em seu estabelecimento industrial e correndo todas as demais despesas da Banda por sua conta. Mais tarde, [em] 1890, referido industrial, vendendo sua indústria, afastou-se da direção da Banda, confiando todo o instrumental e pertences da mesma à guarda da Matriz local, (...)”.
Mas foi durante a epidemia de varíola de 1887, que atingiu toda a Província de São Paulo, que Barros Júnior notabilizou-seem Salto. Com seu auxílio, foram construídos três lazaretos (unidades de isolamento dos doentes, afastadas no núcleo central da vila). Auxiliou ainda na compra de medicamentos, víveres para alimentação dos doentes, roupas e leitos. Trouxe também médico e enfermeiras da capital. Luiz Castellari assim descreve a atuação do “Pai dos Saltenses” naqueles dias de surto epidêmico: “Nas horas em que não se ocupava com os enfermos, [Barros Jr.] saía na rua à frente de sua banda de música, soltando foguetes, como que afugentando o ‘vírus’ e assim alegorizar a população desolada”.
Na cronologia de Barros Júnior merecem ainda destaque duas datas: 1890, venda de sua fábrica de tecidos em Salto; e 1893, apresentação de projeto ao Congresso Estadual, que ampliava os limites de Salto, incorporando terras da margem esquerda do rio Tietê, antes de Itu. No ano do término de seu mandato como Deputado Estadual, segundo menciona Luiz Castellari, Barros Júnior teria “perdido seu cabedal”, ou seja, empobrecido: “De elevada posição social, a um humilde carreio, e arador de terra. Seguidamente vinha à Vila [de Salto], guiando seu carro de boi. De uma feita, estacionando em frente a uma casa comercial, pede ao proprietário um par de sapatão à crédito. Negam-lhe o pedido”. Barros foi o primeiro presidente do Conselho de Intendência de Salto [1890]. Entre 1896 e 1898, esteve ausente da 2ª Câmara de Salto, tendo retornado em 1899 e permanecido até 1907. Entre 1907 e 1918 não participou diretamente da política local. Em 1918, faleceu, aos 62 anos, de gripe espanhola. Ainda hoje seu nome está ligado à ideia de devoção às causas locais em Salto.
Filho de Francisco Fernando de Barros – senhor de engenho e produtor de cana – e Angela Guilhermina Mesquita Barros, o dr. Barros Júnior nasceu na então vila de Capivari, em 17 de março de 1856. Ao concluir seus primeiros estudos no Brasil – passando pelo Colégio São Luiz, de Itu, e Kopke, no Rio de Janeiro – partiu para os Estados Unidos, ingressando na Universidade de Siracusa (Syracuse University), com o propósito de se graduar engenheiro civil. Quando retornou ao Brasil, chegando em Itu em 1879, mostrou-se republicano convicto, assumindo posição de destaque no Partido Republicano de Itu. No mesmo ano se casou com sua prima-irmã, Maria Alexandrina de Barros.
Em 1880 Barros Júnior iniciou seus investimentos em Salto, com a construção de um edifício que funcionaria como tecelagem, que passou a operar em 1882, inicialmente com fios importados da Europa. Barros se sobressaiu mais como político que como industrial, sendo representante de um modelo típico do final do século XIX: político-fazendeiro-industrial. Seu pai já fora delegado de polícia em Capivari, sua terra natal. E um de seus irmãos mais velhos se elegera deputado provincial nos anos 1870.
A atuação política de Barros Júnior se iniciou nos anos 1882-1886, quando foi vereador em Itu – época que pleiteou diversos melhoramentos para a então vila do Salto. Entre 1892 e 1896, já sob o regime republicano de governo, foi deputado estadual pelo PRP (Partido Republicano Paulista). Barros Júnior deixava claro, desde seu retorno ao Brasil, quais eram seus objetivos: tornar-se um chefe político em Salto, aliando seus interesses como industrial e político do Partido Republicano Paulista (PRP).
Em Salto, Barros Júnior foi o responsável direto por algumas ações bastante significativas para a época: em 1880, reorganizou o Grêmio Musical Saltense, com caráter republicano; em 1885, criou o Gabinete de Leitura e Cultura Democrática; em 1887, fundou o Clube Republicano 14 de Julho; em 1888, fundou o jornal Correio do Salto, juntamente com Tancredo do Amaral. Aqui também o capivariano exerceu os seguintes cargos: subdelegado de polícia, intendente, presidente da Câmara e juiz de paz.
Naqueles seus anos iniciais em Salto, procurou auxiliar o recém-fundado Grêmio Musical Saltense, fundado em 1878, contratando um maestro – o ituano João Narcizo do Amaral – e comprando os instrumentos. Também admitiu alguns músicos em sua tecelagem, como operários. Em carta de 30/04/1940, o maestro Henrique Castellari [1880-1951], traz passagem sobre o Grêmio Musical e a participação decisiva do industrial pioneiro: “A Banda Musical Saltense foi fundada no ano de 1878, por um grupo de pessoas de boa vontade e vocação musical, quando Salto era ainda uma pequena povoação, com desenvolvimento incipiente. Foram seus fundadores Joaquim Florindo, Romão Ribas, João Manquinho, João de Assis e outros, todos já falecidos. Depois de 1880, mais ou menos, o benemérito saltense, Dr. Francisco de Barros Júnior, já falecido, ex-Deputado Estadual, proprietário de uma Fábrica de Tecidos nesta cidade, avocou-se a direção da referida Banda Musical. Assim, forneceu-lhe instrumental novo, músicas novas, mantendo o maestro João Narciso do Amaral (grande músico ituano), dando trabalho aos músicos em seu estabelecimento industrial e correndo todas as demais despesas da Banda por sua conta. Mais tarde, [em] 1890, referido industrial, vendendo sua indústria, afastou-se da direção da Banda, confiando todo o instrumental e pertences da mesma à guarda da Matriz local, (...)”.
Mas foi durante a epidemia de varíola de 1887, que atingiu toda a Província de São Paulo, que Barros Júnior notabilizou-se
Na cronologia de Barros Júnior merecem ainda destaque duas datas: 1890, venda de sua fábrica de tecidos em Salto; e 1893, apresentação de projeto ao Congresso Estadual, que ampliava os limites de Salto, incorporando terras da margem esquerda do rio Tietê, antes de Itu. No ano do término de seu mandato como Deputado Estadual, segundo menciona Luiz Castellari, Barros Júnior teria “perdido seu cabedal”, ou seja, empobrecido: “De elevada posição social, a um humilde carreio, e arador de terra. Seguidamente vinha à Vila [de Salto], guiando seu carro de boi. De uma feita, estacionando em frente a uma casa comercial, pede ao proprietário um par de sapatão à crédito. Negam-lhe o pedido”. Barros foi o primeiro presidente do Conselho de Intendência de Salto [1890]. Entre 1896 e 1898, esteve ausente da 2ª Câmara de Salto, tendo retornado em 1899 e permanecido até 1907. Entre 1907 e 1918 não participou diretamente da política local. Em 1918, faleceu, aos 62 anos, de gripe espanhola. Ainda hoje seu nome está ligado à ideia de devoção às causas locais em Salto.
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