Por diversas vezes o livro História de Salto (Gráfica Taperá, 1971) foi mencionado neste espaço. Contudo, somente agora trazemos alguns detalhes sobre o seu autor, Luiz Castellari. Nascido em Salto em 17 de abril de 1901 (se estivesse vivo, completaria amanhã 108 anos), era filho do maestro Henrique Castellari [1880-1951] – figura sempre presente neste espaço e que dá nome ao Conservatório Municipal – e Luiza I. das Chagas Castellari. Luiz faleceu com menos de meio século de existência, em 1º de agosto de 1948, e seu corpo foi sepultado no Cemitério da Saudade. Casado com Santina S. Castellari, foram seus filhos: Norma, Hercules, Ludovico e João Francisco. O penúltimo foi quem doou ao Museu da Cidade de Salto os originais do livro e da pesquisa original, com todas as notas tomadas por seu pai, em diversos arquivos. Tais textos, embora publicados há 38 anos, por iniciativa do então prefeito, Jesuíno Ruy, foram concluídos ainda em 1942 – seis anos, portanto, antes de falecer seu autor. Luiz muito se esforçou por publicar sua pesquisa, sem obter sucesso, contudo.
Ao longo da vida, Luiz sempre esteve atento aos problemas de sua cidade natal, tendo destacada vivência social e artística. Era bastante ligado às atividades musicais – gosto possivelmente herdado de seu pai – e militou na Corporação Musical Saltense por muitos anos. Em 1927, sendo integrante da Orquestra Itaguassu, participou da fundação da Sociedade Instrutiva e Recreativa Ideal – SIRI. Foi nessa mesma década que começou a se interessar pela história de Salto. Iniciou então um apaixonado trabalho de garimpagem de fontes históricas das mais diversas. Visitou arquivos em busca de referências históricas – como o Museu Paulista, o Museu Republicano de Itu, o Instituto Histórico e Geográfico e a Cúria Metropolitana de São Paulo. Vasculhou vasta bibliografia sobre o período colonial e imperial, especialmente, sempre em busca de fragmentos que tratassem de Salto. Ainda, entrevistou antigos moradores locais e seus descendentes diretos. Consultou atas e livros da Igreja Católica.
Luiz foi, sem dúvida, o maior responsável pela descoberta e divulgação de muitos documentos importantes para a história local – especialmente os do final do século XVII e do início século XVIII, envolvendo a figura do fundador Antonio Vieira Tavares e seu testamento. O historiador assim justificava seu intento, parafraseando “um grande filósofo”: um povo sem história é um povo morto. E ia além: “sobre esses pensamentos filosóficos é que tomei a deliberação de compor este modesto livro, e não é meu intento apresentar uma obra histórico-literária, mas a verdadeira história de Salto, para que o povo da minha terra ressurgisse dentre aqueles que a filosofia considerava mortos”.
Nesse trabalho de garimpagem, dentre o já mencionado material doado ao Museu por um dos filhos de Luiz, existem diversas correspondências trocadas com o intuito de se levantar e confirmar detalhes sobre os mais variados aspectos do passado local. Por exemplo, em cópia de correspondência enviada por Luiz ao diretor do Serviço de Estatística da Previdência do Trabalho, datada de 1º de março de 1942, solicita: “Folheando a revista Careta de 24-5-1941, deparei em a página 46 uma narração sobre a indústria de papel no Brasil, o que muito me interessou, pois, estou escrevendo a história da Cidade de Salto e nela desejo incluir o que se refere às indústrias locais”. Já uma das cartas recebidas, cujo remetente, B. Nóbrega de Oliveira, escrevendo pelo diretor da Cúria Metropolitana de São Paulo, em 25 de agosto de 1941, informa: “Em resposta ao seu pedido de informações datado de 22 do corrente, comunico a V. S. o seguinte: A primitiva igreja de Salto de Itu, foi doada por Antonio Vieira Tavares e sua mulher Dona Maria Leite, fundadores da localidade, cuja escritura de doação traz a data de 11 de dezembro de
Fragmento da carta de Afonso d'Escragnolle Taunay a Luiz Castellari, 09.12.1941. |
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