A vila da Barra – um conjunto de 30 casas para operários construídas pela antecessora da indústria têxtil Brasital, a Società Italo-Americana, entre os anos de 1911 e 1912, é o mais antigo dos conjuntos de casas para operários construídos em Salto ao longo da primeira metade do século XX. As casas estão localizadas às margens dos rios Jundiaí e Tietê, mais especificamente no cotovelo formado pela confluência das águas. O nome barra é sinonímia de margem [do rio]. Costuma-se dizer que há duas barras: a do Jundiaí e do Tietê. O conjunto mais antigo e significativo foi construído com as fachadas voltadas, em sua maior parte, para a barra do rio Jundiaí. As casas da barra do Tietê, num total de oito, mas em outro padrão, são posteriores (1945-1946).
Desde 1960, com curtos momentos de interrupção nos últimos vinte anos, os bonecões do Bloco da Barra constituem a principal marca do carnaval saltense de todos os tempos. A idéia de fazer um grupo de grandes bonecos para desfilar junto ao Bloco partiu de membros de uma antiga família saltense, os Jorge. Contudo, foi posta em prática por Álvaro Ribeiro, proprietário de uma carpintaria que funcionava num galpão nos fundos do antigo Hotel Brasil, cuja fachada ficava na Rua José Galvão.
Álvaro, que faleceu em meados de 1990, durante trinta anos, de maneira ininterrupta, dedicou-se a criar bonecões nos meses que antecediam o carnaval. No início, Álvaro teve como auxiliares os vizinhos Vicente Girardi, Wilson Cazzamatta e Pedro Alves - conhecido como Cascudo (veja as fotos abaixo). Conforme a tradição foi se consolidando, outros nomes se tornaram incentivadores desse trabalho: Manoel Dantas, Mário Effori e os ex-prefeitos Jesuíno Ruy, Josias Costa Pinto e Pilzio Di Lelli.
No carnaval de 1991, o primeiro após a morte de Álvaro Ribeiro, seu filho Francisco - popularmente conhecido por Tico Boca, também já falecido - teve a iniciativa de continuar a criar os bonecões para o desfile de rua, o que perdurou por algum tempo. Era intenção do descendente do precursor dos bonecões manter a prática, iniciada por seu pai, se não na família, ao menos no bairro. Hoje, a tradição é mantida por iniciativa da Prefeitura de Salto, que contrata artistas especialmente para criar os bonecões, desde 2005, e realiza um baile popular nas imediações da Barra.
Os precursores dos bonecões da Barra, em diferentes épocas. Da esquerda para a direita, acima: Álvaro Ribeiro e Vicente Girardi; abaixo, Wilson Cazzamatta e Pedro Alves. |
2 comentários:
Era muito bonito o carnaval de outrora.Todos trabalhavam juntos,muitas vezes colocando dinheiro do próprio bolso.
Depois do trabalho diário de cada um ,havia um tempinho à noite para o planejamento e execução dos bonecos ,dos bois e das cartolas.
Certa vez um delegado,não me lembro o nome,deu ordem de prisão ao Sr Vicente Girardi,nessa ala que parecia ser de crianças com enormes cartolas e uma mamadeira no pescoço...provavelmente com bebidas.Por sua ordem, as cartolas foram retiradas e verificou-se que todos eram adultos...A fantasia era bem feita e enganava os incautos.
Não havia fantasias apelativas.Tudo era muito engraçado.
O Álvaro Ribeiro cedia a sua oficina onde o trabalho era minucioso.Ele , Vicente Girardi, Wilson Cazzamatta , Pedro Alves,o Francisco ,Tico Boca alegraram muito esta cidade...Meus agradecimentos a todos eles ,que proporcionaram à minha infância momentos mágicos e felizes.Minha irmã fazia os moldes costurava as roupas dos bonecões.Eu apenas ajudava...Jamais conseguiria fazer moldes daquele tamanho.
Obrigada pela iniciativa , Prefeitura de Salto por continuar este carnaval,simples,alegre e comunicativo.Sueli
Sou neto do Sr Álvaro Ribeiro e com mto orgulho levo o seu nome. Pouco conheci meu avô. Mas sei tudo o que ele fez ele fez de coração.
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