Alfaiate. Ofício que, nos dias de hoje, está desaparecendo. É ele o profissional que cria roupas masculinas, tais como terno, costume, calça, colete, smoking – dentre outros – de forma artesanal e sob medida, de acordo com as preferências de cada cliente, sem utilizar nenhuma numeração padronizada. Nas últimas décadas, o produto desse profissional perdeu espaço no mercado para as roupas industrializadas, mais baratas e, no mais das vezes, de qualidade inferior.
Em Salto, a dinâmica não foi diferente. A cidade, que na década de 1930, por exemplo, tinha pouco mais de 10% da população atual, contava com mais de 20 alfaiatarias, nas quais trabalhavam, normalmente, dois ou mais profissionais. Algumas regiões da cidade notabilizaram-se pela grande quantidade de alfaiatarias que possuíam – caso da Rua José Galvão, onde se localizava a Alfaiataria do Bepi. Outros profissionais trabalhavam nessa mesma rua, como Alfredo Buratti, Pedro Montagnan e Pierim Salvadori. Lá também se situava a Alfaiataria de Santo Lelli, que tempos depois foi transferida para a Rua José Weissohn. Já na atual Rua Monsenhor Couto, tínhamos a alfaiataria dos irmãos Américo e Hermógenes Malvezzi, pela qual passaram muitos aprendizes do ofício de alfaiate, que mais tarde constituiriam seu próprio estabelecimento. São os casos de Valter Mazzeto, Osvaldo Salvadori e Álvaro Scalet. Como oficiais, atuaram ao lado dos irmãos Malvezzi: Mário Éffori, Carlos Lammoglia, Eduardo Castellari, Augusto Salvadori, Carmino e José Hyppólitto.
Já na Rua Dr. Barros Júnior, a Alfaiataria de Bibi Nastari gabava-se de ter os mais distintos fregueses. Lá trabalharam Luiz Paes Leme, o Emanoelli, o Lammoglia, o Júlio de Aguiar Frias, o Augusto Salvadori, dentre outros. Nas proximidades dessa, existiu, ainda, outra alfaiataria, a de José Zanoni. Na mesma rua, tínhamos a Alfaiataria do Pedro Garavello, que chegou a ter trabalhando simultaneamente cinco alfaiates. Com ele, trabalharam Isidoro Acciarezzi, Olavo Roveri, Carlos Lammoglia, Orlando Orlandini, Mário Éffori, Sérgio Stoppa, Valentim Moschini, Paulo Ghizzo, Alcindo Castilho e muitos outros.
Alfaiataria do Acácio, Alfaiataria do Genésio... nomes que se perderam no tempo. Não se pode deixar de mencionar, ainda, as alfaiatarias localizadas na Rua Rui Barbosa: caso das de Vitório Lui, de Carlos Gavirolli, de Miguel Pestinioni, de Eletro Carra, de Júlio de Aguiar Frias e, mais recentemente, a de Joaquim Manoél Frias (1934-2010), na casa de número 1462, já na Vila Teixeira. Ainda na década de 1930, Zalfieri Zanni começou a trabalhar na sala da frente da casa de seu pai, na Avenida Dom Pedro II. Conhecido popularmente por “Fuga”, deu emprego e ensinou o ofício a muita gente: casos de Eduardo Castellari, Osvaldo Salvadori, Onofre de Ângelo, Olívio Zacharias e Carlos Lammoglia.
Outras alfaiatarias, como as de José Maria Marques de Oliveira, o Zequinha Marques, a do Brás Felizola, a do Luiz Zanoni e a do Brás Ferraro – denominada Alfaiataria Trento e Trieste – marcaram época. Hoje, ainda temos gente militando no ofício, casos do Crucello, na Rua Dr. Barros Júnior, de Assis Frias, na Rua Sete de Setembro, e de Amadeu Canovas, na Vila Teixeira. Restam-nos hoje poucos ex-alfaiates vivos e atuantes, que mantém um espaço reservado em suas casas onde guardam máquinas, agulhas, moldes, móveis pertencentes à alfaiataria ou guardam com zelo antigos utensílios de trabalho como a tesoura de sua preferência, o dedal. Boa parte dos nomes que citei foram relacionados em um levantamento de Ettore Liberallesso da década de 1990.
No desfile do aniversário de Salto de 2008, o Colégio Prudente de Moraes homenageou os alfaiates da história de Salto. Alguns remanescentes desfilaram em carro alegórico. Naquela manhã tivemos a oportunidade de reverenciarmos o nobre trabalho de todas as gerações de alfaiates que atuaram por longos anos em nossa cidade.
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