A Companhia de Jesus, cujos membros são conhecidos como jesuítas, é uma ordem religiosa fundada em 1534 por um grupo liderado pelo militar basco Inácio de Loyola. A ordem surgiu num momento de conflitos dentro do cristianismo, com a reforma protestante questionando a Igreja Católica Romana.
Nesse contexto, os jesuítas propunham obediência total à Igreja Romana e pretendiam ampliar o número de seguidores do catolicismo por meio da catequese de povos que eles consideravam pagãos, por terem outras crenças ou religiões. A partir disso, muitos membros da Companhia de Jesus se instalaram em áreas da América e da Ásia.
Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiros missionários jesuítas. O grupo pioneiro, que tinha como superior o padre Manoel da Nóbrega, colaborou com Tomé de Sousa na fundação da cidade de Salvador e criou o Colégio da Bahia. Em 1553 foi criada a Província Jesuítica do Brasil, mesmo ano da chegada do padre José de Anchieta. Gradativamente, os jesuítas estenderam sua presença por outras capitanias – inclusive São Vicente – instalando um colégio nos campos de Piratininga, em 1554, considerado marco da fundação da cidade de São Paulo.
O mistério da aldeia perdida
Em 1553, antes mesmo da fundação de São Paulo, o padre Manoel da Nóbrega, superior dos jesuítas no Brasil, estabeleceu uma aldeia para catequese dos índios no interior do continente. Ela foi batizada de Maniçoba (palavra que, na língua indígena, significa folha ou pé de mandioca). A aldeia durou menos de um ano, sendo abandonada devido a ataques de índios ou brancos hostis, doenças ou outro motivo.
O grande mistério é a localização exata de Maniçoba, que ainda hoje motiva debates. Antigos textos dizem que Nóbrega caminhou “trinta e cinco léguas pelo sertão adentro”, desde o litoral, até alcançar “um rio donde embarcam para os carijós” (somado a outras evidências, considera-se que seja o rio Tietê). Isso localizaria a aldeia na região compreendida entre Itu e Porto Feliz. Surgem, como possibilidades já cogitadas, o Porto Góes, aqui logo abaixo da cachoeira de Salto, o antigo Araritaguaba (atual Porto Feliz), ou ainda os arredores da cidade de Itu. De qualquer forma, a misteriosa aldeia de Maniçoba é um testemunho sobre a antiguidade da presença colonizadora européia nestas terras.
José de Anchieta, o apóstolo do Brasil
"José de Anchieta", obra de Murilo Sá Toledo (2008)
José de Anchieta [1534-1597], representado em escultura existente no Complexo Cachoeira (foto acima), nasceu em Tenerife, nas Ilhas Canárias, Espanha. Ainda garoto, ingressou na Companhia de Jesus, onde desenvolveu formação cultural e religiosa. Desde cedo se interessou por literatura. Escreveu contos, poemas, sermões e textos dramáticos. Expressava-se em latim, português, espanhol e tupi. Anchieta chegou ao Brasil em 1553, na comitiva do governador-geral Duarte da Costa. Em 1554, ao lado do padre Manoel da Nóbrega, fundou o colégio que se tornaria a cidade de São Paulo, tendo inclusive participado ativamente de sua defesa quando da invasão dos índios tamoios. Participou também da expulsão dos franceses do Rio de Janeiro, em 1567. É de sua autoria a primeira gramática da língua tupi, publicada em Coimbra, em 1595. Faleceu em Reritiba (hoje Anchieta), no Estado do Espírito Santo. Tornado beato pela Igreja Católica, caminha para a canonização, sendo conhecido como Apóstolo do Brasil.
O naufrágio do padre
No ano de 1568 o padre José de Anchieta passou por nossa região, como língua (intérprete) de uma expedição em direção ao interior da então capitania de São Vicente, utilizando-se do rio Tietê. Em determinado trecho encachoeirado a canoa na qual o padre estava virou, sumindo diante da força das águas. Instantes após o incidente, os tripulantes todos emergiram, exceto Anchieta, que permaneceu submerso por longo tempo. Diante disso, um índio de nome Araguaçu decidiu mergulhar a procura do padre, acabando por retirá-lo das águas. Diz a lenda que Anchieta foi encontrado no fundo do rio, sentado numa pedra, calmamente lendo seu livro de orações. O local do acidente foi batizado de Avaremanduava, que significa “lugar onde o padre naufragou”, e localiza-se logo abaixo da cidade de Porto Feliz.
Quadrinhos do artista Rodrigo Schiavon, com textos meus, representando a lenda do naufrágio de Anchieta, 2008.
Nesse contexto, os jesuítas propunham obediência total à Igreja Romana e pretendiam ampliar o número de seguidores do catolicismo por meio da catequese de povos que eles consideravam pagãos, por terem outras crenças ou religiões. A partir disso, muitos membros da Companhia de Jesus se instalaram em áreas da América e da Ásia.
Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiros missionários jesuítas. O grupo pioneiro, que tinha como superior o padre Manoel da Nóbrega, colaborou com Tomé de Sousa na fundação da cidade de Salvador e criou o Colégio da Bahia. Em 1553 foi criada a Província Jesuítica do Brasil, mesmo ano da chegada do padre José de Anchieta. Gradativamente, os jesuítas estenderam sua presença por outras capitanias – inclusive São Vicente – instalando um colégio nos campos de Piratininga, em 1554, considerado marco da fundação da cidade de São Paulo.
O mistério da aldeia perdida
Em 1553, antes mesmo da fundação de São Paulo, o padre Manoel da Nóbrega, superior dos jesuítas no Brasil, estabeleceu uma aldeia para catequese dos índios no interior do continente. Ela foi batizada de Maniçoba (palavra que, na língua indígena, significa folha ou pé de mandioca). A aldeia durou menos de um ano, sendo abandonada devido a ataques de índios ou brancos hostis, doenças ou outro motivo.
O grande mistério é a localização exata de Maniçoba, que ainda hoje motiva debates. Antigos textos dizem que Nóbrega caminhou “trinta e cinco léguas pelo sertão adentro”, desde o litoral, até alcançar “um rio donde embarcam para os carijós” (somado a outras evidências, considera-se que seja o rio Tietê). Isso localizaria a aldeia na região compreendida entre Itu e Porto Feliz. Surgem, como possibilidades já cogitadas, o Porto Góes, aqui logo abaixo da cachoeira de Salto, o antigo Araritaguaba (atual Porto Feliz), ou ainda os arredores da cidade de Itu. De qualquer forma, a misteriosa aldeia de Maniçoba é um testemunho sobre a antiguidade da presença colonizadora européia nestas terras.
José de Anchieta, o apóstolo do Brasil
"José de Anchieta", obra de Murilo Sá Toledo (2008)
José de Anchieta [1534-1597], representado em escultura existente no Complexo Cachoeira (foto acima), nasceu em Tenerife, nas Ilhas Canárias, Espanha. Ainda garoto, ingressou na Companhia de Jesus, onde desenvolveu formação cultural e religiosa. Desde cedo se interessou por literatura. Escreveu contos, poemas, sermões e textos dramáticos. Expressava-se em latim, português, espanhol e tupi. Anchieta chegou ao Brasil em 1553, na comitiva do governador-geral Duarte da Costa. Em 1554, ao lado do padre Manoel da Nóbrega, fundou o colégio que se tornaria a cidade de São Paulo, tendo inclusive participado ativamente de sua defesa quando da invasão dos índios tamoios. Participou também da expulsão dos franceses do Rio de Janeiro, em 1567. É de sua autoria a primeira gramática da língua tupi, publicada em Coimbra, em 1595. Faleceu em Reritiba (hoje Anchieta), no Estado do Espírito Santo. Tornado beato pela Igreja Católica, caminha para a canonização, sendo conhecido como Apóstolo do Brasil.
O naufrágio do padre
No ano de 1568 o padre José de Anchieta passou por nossa região, como língua (intérprete) de uma expedição em direção ao interior da então capitania de São Vicente, utilizando-se do rio Tietê. Em determinado trecho encachoeirado a canoa na qual o padre estava virou, sumindo diante da força das águas. Instantes após o incidente, os tripulantes todos emergiram, exceto Anchieta, que permaneceu submerso por longo tempo. Diante disso, um índio de nome Araguaçu decidiu mergulhar a procura do padre, acabando por retirá-lo das águas. Diz a lenda que Anchieta foi encontrado no fundo do rio, sentado numa pedra, calmamente lendo seu livro de orações. O local do acidente foi batizado de Avaremanduava, que significa “lugar onde o padre naufragou”, e localiza-se logo abaixo da cidade de Porto Feliz.
Quadrinhos do artista Rodrigo Schiavon, com textos meus, representando a lenda do naufrágio de Anchieta, 2008.
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