15 de outubro de 2008

O Grande Bazar Saltense

Primeiros tempos
O atual Armazém Popular é um estabelecimento centenário, sendo um dos mais antigos em atividade no Brasil. Esse armazém, onde se vendeu e se vende mais de 10.000 produtos diferentes, iniciou suas atividades em 1908. Nessa época, era seu proprietário Estevão de Almeida Campos, vulgo Nhozinho Estevo. Em 1926, Nhozinho Estevo vendeu o então Grande Bazar Saltense a Hilário Ferrari – italiano há tempos radicado no bairro rural do Buru, que chegara à cidade dois anos antes.

O estabelecimento fazia jus ao nome de Grande Bazar, pois lá se encontrava de tudo. Anúncios pintados em sua fachada, entre uma porta e outra, indicavam a variada gama de produtos comercializados: secos e molhados, no atacado e no varejo; louças, porcelanas, camas de ferro, ferramentas para lavoura e artesanatos, óleos, tintas, cal, cimento, produtos de limpeza, querosene, conservas, bebidas, utensílios de alumínio etc. Até mesmo gasolina se vendia, visto que a casa era agente da Anglo-Mexican, vendendo a gasolina da marca Energina, como se vê pela bomba à manivela instalada próxima ao meio-fio, em foto de 1930 (abaixo).


Grande Bazar Saltense ou esquina do Hilário, 1930.

Troca de proprietários
Em 1946, o armazém voltou às mãos da família Almeida Campos, sob a razão social Miranda Campos & Cia. Eram seus proprietários, nessa ocasião, os irmãos José Maria e Paulo Miranda Campos, e “Totó” Almeida Campos – que repassaria sua parte na sociedade a João Arlindo Vendramini, cunhado dos outros dois proprietários. Dez anos mais tarde, Roberto Ferrari readquiriu o armazém, mantendo-se à frente até 1969. Nesse ano, passa o estabelecimento para o controle de seu filho Roberto Vladimir, mais conhecido por Bertinho Ferrari, que desde seus 13 anos trabalhava ao lado do pai.


A mesma esquina, já sob o nome Armazém Popular, década de 1980.

Viagem ao passado
Além da longevidade enquanto estabelecimento comercial em um mesmo ponto, o Armazém Popular – em tempos passados, o Grande Bazar Saltense – mantém viva sua vocação eclética original, possuindo grande variedade de artigos. Alguns itens chamam especialmente a atenção, pela dificuldade de encontrá-los em outros lugares, como os calçados Conga, Bamba e Kichute, da marca Apargatas; fumo-de-corda, cachimbo de barro, isqueiro a gasolina, estilingue, lampião a querosene e palha para cigarro. Lá também sobrevive a antiga prática de marcar o valor das compras em cadernetas, para acerto posterior, no final do mês. Hábitos de um tempo que já se foi.Em seu interior, à vista de suas altas prateleiras de pinho-de-riga, sente-se a atmosfera de um típico comércio das primeiras décadas do século passado. Hoje, quando se vive, cada vez mais, uma pasteurização nas formas de se comprar e vender, visitar o Armazém Popular é um estímulo, aos de imaginação mais fértil, a uma viagem no tempo.

Um comentário:

Unknown disse...

Sou neto de João Arlindo Vendramini e fiquei muito feliz em ler sobre a história do armazém. Parabéns pelo blog.

Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966