Em seu número 221, de 26 de novembro de 1925, o periódico local O Saltense – “semanário noticioso, dedicado aos interesses do município”, trazia em sua primeira página um artigo intitulado “Abaixo a máscara”. Nele, severas críticas eram dirigidas a um grupo de pessoas que teriam assinado um boletim distribuído pela cidade naquela semana. Tal grupo teria se proclamado, nesse boletim, como integrantes do Partido Republicano Municipal de Salto, deixando inconformados os articulistas do referido órgão da imprensa local, que tinha então como diretor-proprietário Fernando Camargo e como redator-chefe Oswaldo de Souza Aguirre, famoso orador local.
A crítica veiculada no jornal se voltava ao uso dos termos republicano e municipal e à clara ligação do grupo político aos interesses da indústria Brasital S/A: “Envergonhados de se intitularem manequins e fantoches da Brasital, rotulam o partido com um falso nome, enfeitando o seu boletim com palavras bonitas para armar efeito e que (...) nada exprimem, partidas de quem partem”. Essa seria a máscara a ser posta abaixo: “se são da Brasital não iludam a boa fé do público apropriando-se indevidamente de um título que lhes não compete”.
Na página 3 da mesma edição, o “Boletim Eleitoral” nos dá a atmosfera do momento: “Realizam-se em 29 do corrente as eleições para Vereadores à Câmara Municipal e Juízes de Paz. Como se trata de uma questão vital para o Município, o Diretório Político local tem a certeza que o Eleitorado Saltense cujo brio tantas vezes [foi] posto a prova, [e] soube sempre colocar-se à altura do renomado civismo que o norteia, virá em peso sufragar pelas urnas o nome dos cidadãos que irão defender os seus interesses”.
E justamente sobre a defesa dos interesses do município é que pairava a hostilidade em relação ao grupo político alvo das críticas: “Contratados especialmente pela Brasital, para defesa de seus interesses, e não do município que tem os seus legítimos representantes que podem dizer-se independentes, deviam rotular o seu partido com o rótulo devido e que seria: PARTIDO PARTICULAR DA BRASITAL”. Com base nisso, o jornal denunciava o interesse da Brasital em incentivar o eleitorado local a eleger aqueles que seriam seus representantes “dóceis” na Câmara – sujeitos que, de uma forma ou de outra, atuariam de acordo com os interesses não da cidade, e sim da indústria, definida como “uma Companhia que desconhece o seu lugar para açambarcar tudo o que lhe venha matar a fome do outro, a sede de poderio que a vem convulsionando, satanicamente”.
Em “A situação”, nas páginas 2 e 3, o articulista sob o pseudônimo Malchisedeck traça o panorama dos dois últimos triênios da Câmara local, caracterizando-a como favorável à Brasital – e troca em miúdos como se daria a continuidade dos trabalhos: “a Brasital quer tomar conta da Câmara, só para defesa dos seus interesses. É para não dar conta de seus atos a ninguém. Quando precisar de um contrato que lhe garanta uma isenção de imposto é só mandar as cláusulas aos seus comandados que serão logo aprovadas. Até é ridículo: uma Companhia tão rica faça política por ½ dúzia de contos e... ainda fala em pagar eleitores! Isso admira: é quem mais histórias faz para pagar impostos. Paga, na verdade, mas não dispensa a fita.”
A crítica veiculada no jornal se voltava ao uso dos termos republicano e municipal e à clara ligação do grupo político aos interesses da indústria Brasital S/A: “Envergonhados de se intitularem manequins e fantoches da Brasital, rotulam o partido com um falso nome, enfeitando o seu boletim com palavras bonitas para armar efeito e que (...) nada exprimem, partidas de quem partem”. Essa seria a máscara a ser posta abaixo: “se são da Brasital não iludam a boa fé do público apropriando-se indevidamente de um título que lhes não compete”.
Na página 3 da mesma edição, o “Boletim Eleitoral” nos dá a atmosfera do momento: “Realizam-se em 29 do corrente as eleições para Vereadores à Câmara Municipal e Juízes de Paz. Como se trata de uma questão vital para o Município, o Diretório Político local tem a certeza que o Eleitorado Saltense cujo brio tantas vezes [foi] posto a prova, [e] soube sempre colocar-se à altura do renomado civismo que o norteia, virá em peso sufragar pelas urnas o nome dos cidadãos que irão defender os seus interesses”.
E justamente sobre a defesa dos interesses do município é que pairava a hostilidade em relação ao grupo político alvo das críticas: “Contratados especialmente pela Brasital, para defesa de seus interesses, e não do município que tem os seus legítimos representantes que podem dizer-se independentes, deviam rotular o seu partido com o rótulo devido e que seria: PARTIDO PARTICULAR DA BRASITAL”. Com base nisso, o jornal denunciava o interesse da Brasital em incentivar o eleitorado local a eleger aqueles que seriam seus representantes “dóceis” na Câmara – sujeitos que, de uma forma ou de outra, atuariam de acordo com os interesses não da cidade, e sim da indústria, definida como “uma Companhia que desconhece o seu lugar para açambarcar tudo o que lhe venha matar a fome do outro, a sede de poderio que a vem convulsionando, satanicamente”.
Em “A situação”, nas páginas 2 e 3, o articulista sob o pseudônimo Malchisedeck traça o panorama dos dois últimos triênios da Câmara local, caracterizando-a como favorável à Brasital – e troca em miúdos como se daria a continuidade dos trabalhos: “a Brasital quer tomar conta da Câmara, só para defesa dos seus interesses. É para não dar conta de seus atos a ninguém. Quando precisar de um contrato que lhe garanta uma isenção de imposto é só mandar as cláusulas aos seus comandados que serão logo aprovadas. Até é ridículo: uma Companhia tão rica faça política por ½ dúzia de contos e... ainda fala em pagar eleitores! Isso admira: é quem mais histórias faz para pagar impostos. Paga, na verdade, mas não dispensa a fita.”
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