9 de julho de 2008

Salto nas criações de Pretti

Em 7 de setembro de 1909, na cidade de Salto, nasceu Flávio Pretti. Nome sempre mencionado quando de qualquer levantamento de nossos expoentes artísticos locais, Pretti deixou a cidade aos 20 anos, quando foi para São Paulo trabalhar como desenhista das Indústrias Matarazzo, em 1929. Quatro anos mais tarde, mudou-se para o Rio de Janeiro, empregando-se na Companhia América Fabril, onde atuou no desenvolvimento de padronagens para tecido. Foi na então capital da República que completou seus estudos, no seio da Sociedade Brasileira de Belas Artes. Trabalhou também no periódico carioca Diário de Notícias, produzindo caricaturas. Em 1940, retornou a São Paulo, onde instalou seu atelier denominado Publicidades Flávis, na Avenida Celso Garcia.

Em meio aos diversos enquadramentos temáticos de sua obra, Pretti possui algumas criações sobre Salto e em Salto. Os azulejos de Homens que construíram esta cidade (1968), nas proximidades da Cachoeira, no caminho da Ponte Pênsil, constituem um exemplo. Neles, estão representadas as figuras do indígena, do negro, do bandeirante, do padre, do trabalhador rural e do operário fabril – num discurso que tenta integrar e nivelar a importância de grupos sociais e momentos históricos distintos na constituição da cidade. Da mesma época são algumas criações produzidas originalmente para o antigo Restaurante do Salto que, nas palavras do artista, “representavam cenas locais”. Assim, Zé Batatão, antigo sacristão da Igreja Matriz; e Chicão, que vendia amendoim na porta do cinema, tornam-se temas de seus trabalhos.

No final da década de 1970, Pretti produziu outra série de azulejos que pode ser vista ainda hoje no Ginásio Municipal de Esportes. Diante da encomenda do prefeito da época, o artista sintetizou com simplicidade sua criação, em gravação de 1990: “pintei diversos, vários esportes: o salto de trampolim, o salto de altura, o levantador de peso, o lançador de dardo, basquete feminino, o corredor, corrida com barreira, tênis (...), pequenos azulejos [e] a entrada de algumas dependências do Ginásio”. Questionado sobre a recorrência de certos temas em suas criações, como os carros de bois, Pretti, com a mesma simplicidade, justificou: “Eu pinto carros de boi, esse povoado todo do Salto [...], peguei daqui. A figura da terra onde nasci, o que eu via constantemente [...]. Sempre funciona a veia saltense [...], e tudo que eu faço eu sinto a veia saltense. A minha tradição – bem ou mal – minha tradição.”

Outras produções ligadas à terra de Pretti são a O Salto – óleo sobre tela que se encontra no Museu da Cidade; O Canteiro, que retrata o ofício do cortador de pedras – ofício com relevância local na época da infância de Pretti; além das criações que se encontram na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Monte Serrat: Anjo com bandolim e Anjo com cítara.


Zé Batatão [tipo popular saltense]
Flávio Pretti, 1965
Aquarela e guache s/ papel
Acervo do Museu da Cidade de Salto


Um depoimento de Flávio Pretti [1909-1996], concedido em 1990, pode ser ouvido na íntegra na Internet a partir do endereço: www.salto.sp.gov.br/museu/depoimentos.html

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Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966