Fachada do Cine Verdi velho com a diretoria da Sociedade Italiana à frente, 1931. |
A atual Sociedade Italiana Giuseppe Verdi, com sede no início da Rua Floriano Peixoto, em salas anexas ao Museu da Cidade de Salto, é herdeira da sociedade de socorro mútuo formada pelos italianos que chegaram a Salto entre o final do século XIX e início do XX, a Società Italiana di Mutua Assistenza Giuseppe Verdi. As sociedades de mútua assistência existentes no Brasil no início do século passado funcionavam de maneira semelhante: uma contribuição mensal de cada sócio possibilitava que qualquer participante, vítima de desemprego ou doença, não perecesse por falta de meios de subsistência. Isso ocorria numa época em que não existia previdência social, e não se trabalhando devido a uma enfermidade, por exemplo, não se recebia.
Pela documentação existente, sabe-se que em 9 de abril de 1916 os associados da Giuseppe Verdi aprovaram o “estatuto social”. Mas a fundação dessa sociedade, embora não haja exatidão na data, teria ocorrido anos antes, entre 1902 e 1903. Infelizmente não existem registros de seu primeiro período de existência. Os acontecimentos de 1916 seriam referentes à reconstituição da sociedade que ficara inativa por algum tempo, em virtude, principalmente, dos reflexos da Grande Guerra iniciada em 1914.
O primeiro bloco do conjunto arquitetônico que abrigou as diversas atividades promovidas por essa sociedade ao longo do século XX foi concluído em 1903 para servir de local de ensaios e sede da Corporação Musical Giuseppe Verdi, também conhecida por Banda Italiana, cuja fundação é de 1901. Essa construção pode ser vista na foto que ilustra esta coluna. Mas, depois de pouco tempo, o uso do prédio não ficou mais restrito à banda. A Sociedade Italiana, que ao surgir já tinha a banda a ela vinculada, decidiu instalar no mesmo espaço o Cine Verdi, que passou a projetar filmes – ainda nos tempos do cinema mudo. Assim, não restava muito espaço, existindo apenas uma pequena sala de reuniões além do salão principal, que convivia com o arrastar de cadeiras constante, em virtude de, ora ser espaço de ensaio da banda, ora espaço de exibição de filmes. Nas tardes de domingo ocorriam bailes frequentados não apenas pelos membros da colônia italiana, mas também pela população brasileira identificada com os peninsulares.
As demais atividades da Sociedade Italiana eram desenvolvidas numa ampla casa ao lado da sede, na Rua José Galvão, atual número 134 – então alugada da família Roncoletta. Ali estavam sediadas a Escola Italiana, mantida pelo professor Francisco Salerno, que depois seria denominada Escola Anita Garibaldi e subsidiada pela indústria Brasital; a Sociedade dos Ex-Combatentes da Primeira Guerra Mundial; o Círculo de Leitura Dante Alighieri e o Partido Fascista de Salto. Nos fundos, viviam os zeladores Pascoalina Gonela e Emílio Baldim. Portanto, faltava espaço à Sociedade. Em virtude disso, em maio de 1934 a diretoria decidiu contrair um empréstimo para edificar – no terreno de 1700 m² que já dispunha, existente entre a referida casa alugada e a construção pioneira de 1903 – a Casa D’Italia. Para essa ampliação ocorrer foi necessária a remoção de uma grande quantidade de granito que existia no terreno, uma característica dessa região da cidade mais próxima ao rio Tietê.
As obras, iniciadas em 1934, se estenderam até fins de 1936. E em 15 de fevereiro de 1937 uma grande inauguração foi promovida, contando com a presença de um representante da Embaixada Italiana, do cônsul da Itália em Campinas e de dois representantes do Consulado de São Paulo. A seguir, a biblioteca do Círculo de Leitura e a Escola Anita Garibaldi saíram da casa alugada e foram ocupar o edifício antigo da Sociedade, ficando o recém-inaugurado salão destinado às atividades de projeção cinematográfica, peças teatrais e apresentações musicais. Pouco tempo depois, em 1939, a Banda Italiana, o Círculo de Leitura e o Partido Fascista deixariam de existir. E em 1941, com o rompimento de relações entre Brasil e Itália, em virtude da Segunda Guerra Mundial, a Sociedade Italiana cessou todas as suas atividades, ficando apenas o então presidente, Leone Camerra, encarregado de receber o aluguel do salão de cinema – cedido a uma empresa de Sorocaba desde 1938 – com o intuito de promover a manutenção do prédio.
As atividades da Sociedade apenas seriam retomadas 10 anos mais tarde, em abril de 1951. Sua sede, cedida à Sociedade Instrutiva e Recreativa Operária Saltense (SIROS) desde 1945, foi devolvida em estado precário. O quadro social foi reestruturado e a mesma diretoria que encerrara as atividades em 1941 foi reempossada. A sede passou por reformas e, na prática, a Sociedade só retomou suas atividades em 1955. Nesse mesmo ano uma nova empresa foi autorizada a administrar o salão de cinema, desta vez uma originária da cidade de Itu.
Apesar de seu quadro social estar cada vez mais reduzido e envelhecido, foi apenas no final da década de 1960 que a Sociedade Italiana admitiu a entrada de sócios não-italianos, sendo os primeiros brasileiros a fazer parte dela, os senhores: Pedro Rudine Tonelo, Rubens Milioni, Vitório Isolani, Alberto Telesi, Adélio Milioni e Geraldo Sontag. Ao longo de sua história, estiveram à frente da Sociedade, como presidentes: João Scarano, Gino Biffi, João Vassali, Leone Camerra, Lino Tabarin, Vicenzo Bifano, Adélio Milioni, Rubens Milioni, Geraldo Hernandez, Ayr Galafassi, João Antonio da Rós e, no cargo desde 1994, José Odair Peron.
Uma mudança no estatuto fez com que a Sociedade simplificasse seu nome para Sociedade Italiana Giuseppe Verdi, retirando a expressão “de Mútua Assistência” – já que não mais correspondia aos seus fins. Uma ação de desapropriação dos bens imóveis da Sociedade foi movida pela Prefeitura em 1986, a qual não foi adiante e acabou encerrada com o acordo de 1994 que cedeu, em regime comodato, por 30 anos, o conjunto situado numa das esquinas das ruas Floriano Peixoto e José Galvão à municipalidade. Esse comodato renovado por mais três décadas em 2006. Atualmente, a Sociedade tem como principal atividade o ensino da língua italiana.
Pela documentação existente, sabe-se que em 9 de abril de 1916 os associados da Giuseppe Verdi aprovaram o “estatuto social”. Mas a fundação dessa sociedade, embora não haja exatidão na data, teria ocorrido anos antes, entre 1902 e 1903. Infelizmente não existem registros de seu primeiro período de existência. Os acontecimentos de 1916 seriam referentes à reconstituição da sociedade que ficara inativa por algum tempo, em virtude, principalmente, dos reflexos da Grande Guerra iniciada em 1914.
O primeiro bloco do conjunto arquitetônico que abrigou as diversas atividades promovidas por essa sociedade ao longo do século XX foi concluído em 1903 para servir de local de ensaios e sede da Corporação Musical Giuseppe Verdi, também conhecida por Banda Italiana, cuja fundação é de 1901. Essa construção pode ser vista na foto que ilustra esta coluna. Mas, depois de pouco tempo, o uso do prédio não ficou mais restrito à banda. A Sociedade Italiana, que ao surgir já tinha a banda a ela vinculada, decidiu instalar no mesmo espaço o Cine Verdi, que passou a projetar filmes – ainda nos tempos do cinema mudo. Assim, não restava muito espaço, existindo apenas uma pequena sala de reuniões além do salão principal, que convivia com o arrastar de cadeiras constante, em virtude de, ora ser espaço de ensaio da banda, ora espaço de exibição de filmes. Nas tardes de domingo ocorriam bailes frequentados não apenas pelos membros da colônia italiana, mas também pela população brasileira identificada com os peninsulares.
As demais atividades da Sociedade Italiana eram desenvolvidas numa ampla casa ao lado da sede, na Rua José Galvão, atual número 134 – então alugada da família Roncoletta. Ali estavam sediadas a Escola Italiana, mantida pelo professor Francisco Salerno, que depois seria denominada Escola Anita Garibaldi e subsidiada pela indústria Brasital; a Sociedade dos Ex-Combatentes da Primeira Guerra Mundial; o Círculo de Leitura Dante Alighieri e o Partido Fascista de Salto. Nos fundos, viviam os zeladores Pascoalina Gonela e Emílio Baldim. Portanto, faltava espaço à Sociedade. Em virtude disso, em maio de 1934 a diretoria decidiu contrair um empréstimo para edificar – no terreno de 1700 m² que já dispunha, existente entre a referida casa alugada e a construção pioneira de 1903 – a Casa D’Italia. Para essa ampliação ocorrer foi necessária a remoção de uma grande quantidade de granito que existia no terreno, uma característica dessa região da cidade mais próxima ao rio Tietê.
As obras, iniciadas em 1934, se estenderam até fins de 1936. E em 15 de fevereiro de 1937 uma grande inauguração foi promovida, contando com a presença de um representante da Embaixada Italiana, do cônsul da Itália em Campinas e de dois representantes do Consulado de São Paulo. A seguir, a biblioteca do Círculo de Leitura e a Escola Anita Garibaldi saíram da casa alugada e foram ocupar o edifício antigo da Sociedade, ficando o recém-inaugurado salão destinado às atividades de projeção cinematográfica, peças teatrais e apresentações musicais. Pouco tempo depois, em 1939, a Banda Italiana, o Círculo de Leitura e o Partido Fascista deixariam de existir. E em 1941, com o rompimento de relações entre Brasil e Itália, em virtude da Segunda Guerra Mundial, a Sociedade Italiana cessou todas as suas atividades, ficando apenas o então presidente, Leone Camerra, encarregado de receber o aluguel do salão de cinema – cedido a uma empresa de Sorocaba desde 1938 – com o intuito de promover a manutenção do prédio.
As atividades da Sociedade apenas seriam retomadas 10 anos mais tarde, em abril de 1951. Sua sede, cedida à Sociedade Instrutiva e Recreativa Operária Saltense (SIROS) desde 1945, foi devolvida em estado precário. O quadro social foi reestruturado e a mesma diretoria que encerrara as atividades em 1941 foi reempossada. A sede passou por reformas e, na prática, a Sociedade só retomou suas atividades em 1955. Nesse mesmo ano uma nova empresa foi autorizada a administrar o salão de cinema, desta vez uma originária da cidade de Itu.
Apesar de seu quadro social estar cada vez mais reduzido e envelhecido, foi apenas no final da década de 1960 que a Sociedade Italiana admitiu a entrada de sócios não-italianos, sendo os primeiros brasileiros a fazer parte dela, os senhores: Pedro Rudine Tonelo, Rubens Milioni, Vitório Isolani, Alberto Telesi, Adélio Milioni e Geraldo Sontag. Ao longo de sua história, estiveram à frente da Sociedade, como presidentes: João Scarano, Gino Biffi, João Vassali, Leone Camerra, Lino Tabarin, Vicenzo Bifano, Adélio Milioni, Rubens Milioni, Geraldo Hernandez, Ayr Galafassi, João Antonio da Rós e, no cargo desde 1994, José Odair Peron.
Uma mudança no estatuto fez com que a Sociedade simplificasse seu nome para Sociedade Italiana Giuseppe Verdi, retirando a expressão “de Mútua Assistência” – já que não mais correspondia aos seus fins. Uma ação de desapropriação dos bens imóveis da Sociedade foi movida pela Prefeitura em 1986, a qual não foi adiante e acabou encerrada com o acordo de 1994 que cedeu, em regime comodato, por 30 anos, o conjunto situado numa das esquinas das ruas Floriano Peixoto e José Galvão à municipalidade. Esse comodato renovado por mais três décadas em 2006. Atualmente, a Sociedade tem como principal atividade o ensino da língua italiana.
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