Ettore Liberalesso (1920-2012)

Nascido em 31 de março de 1920, o saltense Ettore Liberalesso foi nome emblemático em sua cidade natal. Pertencente a uma geração que tem como conterrâneos Anselmo Duarte e Jota Silvestre, Ettore foi casado com Virgínia Soares Liberalesso – com quem teve dois filhos. Na infância, cursou, entre 1928 e 1931, o então Grupo Escolar de Salto – hoje Escola Estadual Tancredo do Amaral. Foi aluno de Benedita de Rezende, Alice Barbeito, Antonio Berreta e José de Paula Santos.


Ettore em foto de 2008.

Entre 1933 e 1934, Ettore trabalhou para um senhor cego, Jorge de Souza, lendo jornais por 4 horas diárias. Em agosto de 1934, ingressou na Têxtil Brasileira, atual York. Meses mais tarde, transferiu-se para a Brasital, onde permaneceu até 1966, quando se aposentou. Nesse período de mais de 32 anos, Ettore foi pesador da fiação cascame, contínuo de escritório, esteve responsável pelo economato, trabalhou no escritório de pessoal, no departamento de contabilidade administrativa, foi correntista, datilógrafo, arquivista e correspondente.


Ettore com sua esposa Virgínia e filhos.

De 1967 a 1971, Ettore dirigiu a Auto Salto Administradora de Veículos. E entre 1973 e 1988, foi corretor de imóveis. Foi também vereador da Câmara Municipal de Salto, pela União Democrática Nacional, entre 1952 e 1959. 


Festa de despedida da Brasital, 1966.

Ettore sempre foi figura atuante em clubes, comunidades religiosas, comissões e sociedades locais. São exemplos dessa atuação seu envolvimento com a Sociedade São Vicente de Paulo, o Círculo Católico, a Sociedade Instrutiva e Recreativa Ideal, a Associação Atlética Saltense, a Assistência Vicentina Frederico Ozanam, as comissões de construção da Igreja de São Benedito, da Festa da Padroeira, além do Conselho Administrativo da Paróquia de Nossa Senhora do Monte Serrat. Desde 1979 foi membro da Comissão de Nomenclatura de Ruas da Cidade, tornando-se o presidente desta em 1990.


Um dos anúncios de Ettore nos jornais saltenses, em seus tempos como corretor de imóveis.

Sua mais importante publicação, Salto: história, vida e tradição – é seguida de outras significativas contribuições, com destaque para a coluna semanal no Jornal Taperá, denominada “Arquivo”, mantida de 1990 a 2010. As famílias saltenses foram abordadas em várias dessas colunas, que acabaram dando origem a um livro. Em 2009, Ettore lançou Salto: sua história, sua gente – publicação bilíngue e ricamente ilustrada com fotografias da cidade que é a sua paixão. Em 2012, após anos escrevendo sobre Salto e sua gente, foi a vez de lançar uma obra que o tinha como protagonista, Ettore: autobiografia mesclada à história.


Autografando sua primeira publicação, 1987.

O envolvimento de Ettore com a implantação do Museu da Cidade de Salto foi decisivo. Como consultor da equipe de implantação, no início da década de 1990, não mediu esforços em sua atuação. Além da orientação histórica, sua participação foi especialmente importante na interface com os doadores das peças mais significativas hoje expostas. Assim sendo, o Museu é a própria materialização do sentimento que Ettore nutre por Salto e sua história. Após seu falecimento, quis o poder público batizar o espaço com o nome daquele que foi um abnegado defensor da causa.


Recepção às primeiras peças doadas ao Museu, 1990.

Ettore e um tear dos anos 1930 doado ao Museu.

Nesse sentido, seu incansável trabalho como historiador e memorialista merece a consideração de toda a comunidade saltense. Documentando fragmentos do passado local em seus escritos, Ettore Liberalesso lega às gerações futuras a possibilidade de compreensão de uma Salto que não mais existe – compreensão esta indispensável para se entender e, especialmente, valorizar nossa cidade no tempo em que vivemos. Em 2010, o autor deste blog dirigiu um documentário sobre a obra de Ettore, mesclando-a à história da cidade.


Ettore na ocasião de lançamento do documentário "O homem e cidade", 2010.

Ettore faleceu em 31 de julho de 2012, deixando inúmeros trabalhos voltados à história, memória e cultura saltenses que, certamente, merecerão muitas releituras futuras.

Assista ao documentário "O homem e a cidade" na íntegra:


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Ouça o hino da cidade, "Salto Canção", na gravação de 1966